Por Filipe Sena – urologista.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou 11.370 novos casos de câncer de bexiga para o ano de 2022, sendo 7.870 em homens e 3.500 em mulheres. Em 2020, 4.595 brasileiros(as) perderam a vida para a doença. O ato de fumar é, de longe, o mais relevante fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de tumor, já que mais de 50% dos casos estão relacionados ao tabagismo. Homens brancos e pessoas de idade avançada também são diagnosticados com mais frequência. Outro fator de risco importante é o contato com substâncias químicas derivadas do benzeno e de outros compostos químicos.
Considerado o mais “perigoso” entre os tumores urológicos e o sétimo maior em incidência geral, o câncer de bexiga pode ser prevenido principalmente pelo fim do tabagismo. “Fumantes são até quatro vezes mais propensos a desenvolver esse tipo de tumor. O risco para os fumantes passivos também é altíssimo. Parar de fumar e adotar outros hábitos de vida saudáveis são fundamentais para a prevenção”, destacou o urologista Filipe Sena, integrante do grupo URO+ Urologia Avançada e Cirurgia Robótica.
Sintomas – Em estágio inicial, o câncer de bexiga não costuma apresentar sintomas. Quando aparecem, o mais comum é a presença de sangue na urina (hematúria). Massa palpável em abdome, dores durante o ato de urinar e necessidade frequente de urinar também podem ocorrer, mas esses sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças do aparelho urinário. Por isso, é fundamental consultar um urologista diante de qualquer suspeita ou anualmente, mesmo sem sintomas, para avaliação de rotina.
O diagnóstico é feito por exames de imagem, sendo o melhor a cistoscopia (padrão-ouro), um tipo de endoscopia da bexiga, em que através de uma pequena câmera inserida pela uretra, se chega até a bexiga para visualizar todo o seu interior. Outros exames, como a Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética, podem ser utilizados para avaliar a lesão da bexiga, bem como o surgimento de metástases em abdome ou tórax. A probabilidade de cura depende da extensão do câncer (superficial ou invasivo), e se há ou não a presença de metástases (casos mais avançados). Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso do tratamento.
Tratamento – O tratamento é sempre iniciado com a Ressecção Trans-Uretral (RTU) de Bexiga, que consiste na “raspagem” do tumor através de um aparelho inserido pela uretra. Os fragmentos do tumor são enviados para biópsia para confirmar (ou não) o diagnóstico da doença e avaliar o tipo e a extensão do tumor.
“No caso do tumor invasivo (que invade a camada muscular do órgão), é necessário o tratamento cirúrgico definitivo com remoção completa da bexiga (cistectomia radical). Em alguns casos, pode ser indicada quimioterapia previamente a este tratamento, com o intuito de aumentar as chances de cura”, destacou o urologista Filipe Sena.
No caso do tratamento cirúrgico, podem ser realizados procedimentos convencionais (cirurgias abertas), porém a cirurgia minimamente invasiva – videolaparoscópica e robótica – vêm ganhando cada vez mais espaço pelos benefícios agregados. Menor sangramento, menor risco de complicações, menos dor e tempo de internação mais curto, recuperação mais rápida no pós-operatório e melhor aspecto estético devido ao tamanho reduzido da incisão são alguns desses diferenciais.
“Visão tridimensional (3D) ampliada, filtragem de tremores das mãos, melhor posição ergonômica e maior liberdade de movimentos do cirurgião, menor sangramento, menos dor e tempo de internação mais curto são algumas vantagens da cirurgia robótica, modalidade atualmente disponível em alguns hospitais de Salvador. Essa tem sido a opção escolhida por muitos baianos para tratar este e muitos outros tipos de câncer”, concluiu Filipe Sena.
ASCOM