A busca pelo explante de silicone ainda está longe de superar a procura pelo implante, mas está em crescimento. Nos últimos anos, muitas pacientes têm buscado a cirurgia para retirada do implante mamário (explante), seja por mudança de estilo de vida como o envelhecimento, ganho de peso, mudança de hábitos, seja por apresentarem sintomas sistêmicos relacionados ao implante, chamados de breast implant illness (BII) ou “doença do silicone‘”, como é intitulada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Vale ressaltar, que a entidade afirma que a falta de dados científicos não permite concluir ainda a relação direta do breast implant illness (BII) com sintomas sistêmicos autorreportados pelas pacientes, como ocorrências inflamatórias, alterações em articulações ou na pele, fadiga, alterações visuais, depressão, entre centenas de outros.
Leônidas Varella, cirurgião plástico da Clínica Leger, esclarece como funciona este procedimento bastante procurado no momento, além de indicações e riscos. O médico alerta, “é uma recomendação médica em casos muito específicos”.
Como funciona o explante de silicone?
LEÔNIDAS VARELLA: O explante de silicone é um ato cirúrgico realizado por petição da paciente. Ou seja, o desejo de retirada das próteses de silicone, para voltar a ter seios naturais.
O que é a doença do silicone? Quais são as causas?
LEÔNIDAS VARELLA : Batizada popularmente como “doença do silicone”, ela é caracterizada por doenças do sistema imunológico que seriam desencadeadas por substâncias específicas – entre elas, a prótese de silicone.
Quais os sintomas? Quem tem mais chance de sofrer essa rejeição pelo corpo?
LEÔNIDAS VARELLA: Em pessoas com predisposição genética, o implante serviria como um gatilho para o sistema imunológico desenvolver patologias que se manifestam de diferentes formas. A lista de sintomas incluem dor muscular, fraqueza, fadiga crônica, distúrbios do sono, dor articular, boca seca, perda de memória, entre outros .
Como é o diagnóstico dessa condição?
LEÔNIDAS VARELLA: É necessário um acompanhamento multidisciplinar, com reumatologistas por exemplo. Descartadas outras possibilidades, daí sim pode-se trabalhar com a chance deste tipo de doença após a realização de exames de sangue e avaliação clínica em conjunto. O que, não invalida que a vontade da paciente seja respeitada e os sintomas que ela relata levados em consideração no momento da investigação médica.
Quando o explante do silicone é indicado? Quem deve considerar essa cirurgia?
LEÔNIDAS VARELLA: O explante é recomendação médica em casos muito específicos. Hoje, a retirada do silicone é indicada apenas em infecções graves no local, que podem ocorrer logo após a cirurgia ou anos depois do procedimento. Se o diagnóstico se concretizar com o aval de um reumatologista, o caminho também passa a ser o explante. Nas demais situações, geralmente se opta pela substituição da prótese. O desejo da paciente, é claro, também é definitivo para a realização do explante, independentemente da motivação.
Existe muito risco dessa doença do silicone acometer quem coloca as próteses?
LEÔNIDAS VARELLA: Ainda não há evidências científicas suficientes que comprovem a relação entre os sintomas descritos pelas pacientes e os implantes mamários. Existem estudos também sobre doenças causadas pelo silicone, mas o silicone continua sendo um procedimento seguro, não temos evidências que comprovem que os sintomas dessas pacientes são por causa da doença e nem se pode falar que ao retirar a prótese essa mulher vai estar curada.
Que cuidados as pessoas precisam ter depois de colocar próteses para não precisar passar por um explante?
LEÔNIDAS VARELLA: Os cuidados são os mesmos que os de colocação de implantes, ou seja, volume adequado à estrutura física da paciente, controles mamográficos periódicos e autoexploração por parte da paciente.
Quais são as dicas para quem deseja fazer o explante? Quais são os passos e cuidados que precisa tomar?
LEÔNIDAS VARELLA: É preciso estar muito seguro do desejo de fazer o explante, pois é um ato cirúrgico. Uma vez removida a prótese, o seio ficará flácido e vazio e será necessária posteriormente uma remodelação da mama. Isso implica em cicatrizes para toda a vida.
Matéria: Veronica Bittencourt/ Dona Comunicação