Cada brasileiro gera pouco mais de um quilo de resíduos sólidos por dia, somando anualmente 379 quilos por pessoa ou 79 milhões de toneladas de resíduos no Brasil. Para se ter uma ideia, essa quantia é suficiente para construir uma muralha nada agradável de 13 metros de altura e 3,6 metros de largura ao longo dos 7,4 mil quilômetros do litoral brasileiro.
“O Brasil é uma das nações que mais produz e menos recicla resíduos sólidos no mundo. Isso mostra como é urgente a necessidade de novos modelos de produção e consumo. Nossa maneira de consumir está diretamente relacionada com a quantidade de resíduos que geramos. E a forma com que destinamos esses resíduos facilita ou dificulta a sua reciclagem”, alerta Bruna Tiussu, gerente de comunicação e conteúdos do Instituto Akatu, principal ONG do país dedicada à sensibilização e à mobilização para o consumo consciente.
Por isso, neste 17 de maio, Dia Internacional da Reciclagem, o Instituto Akatu reuniu diversas informações e dicas valiosas para estimular a população a gerar menos resíduos e a reciclar mais. Ao consumir de maneira consciente — comprando só o necessário, usando um item ou produto até o final de sua vida útil e descartando-o de forma correta — é possível diminuir a geração de resíduos e impulsionar a reciclagem. Confira:
– Para diminuir a geração de resíduos, pratique os 5 Rs da sustentabilidade!
Repense: Você realmente precisa comprar um novo produto? Existe a possibilidade de pegar emprestado, trocar ou usar/consertar/atualizar o que você já tem? Evite impulsos momentâneos ou se deixar levar por propagandas. Valorize o que é realmente essencial. E, se for comprar, questione se a marca escolhida está alinhada com o cuidado nas questões socioambientais, com a logística reversa e a economia circular.
Recuse: Diga não para itens supérfluos e de uso único, que geram mais resíduos, como sacolas plásticas ou canudos e talheres descartáveis ao pedir delivery. Recuse panfletos e brindes que você não irá usar. Recusar itens que certamente terão o lixo como destino é simples e ajuda a reduzir a quantidade de materiais destinados a aterros sanitários.
Reduza: Evite o excesso e o consequente desperdício. Vale para comidas – desperdício residencial de alimentos no Brasil ultrapassa 12,5 milhões de toneladas ao ano, segundo o UNEP – e para todo tipo de material. Planeje suas compras. Diminua o uso de itens descartáveis, evite impressões desnecessárias, prefira produtos concentrados e em embalagens menores ou reutilizáveis, e use os produtos até o fim de sua vida útil.
Reutilize: Se possível, dê novas funções para materiais e embalagens ociosas antes de pensar no descarte. Use a criatividade: potes de vidro podem servir para armazenar pequenos objetos, garrafas PET podem virar brinquedos, aquela toalha velha pode virar pano de chão. E lembre-se que um objeto que você não precisa mais pode ser útil para outra pessoa.
Recicle: Só depois de conjugar esses outros quatro verbos é que podemos planejar o descarte adequado de materiais e objetos para viabilizar a reciclagem do que é possível.
– Curiosidades sobre reciclagem no Brasil:
– Descartamos aproximadamente 1 milhão de toneladas de vidro anualmente e reciclamos 47%. O total não reciclado equivale ao peso de 980 milhões de potes de palmito (550g) cheios ou ao peso de mais de 36 Torres de Pisa, de acordo com cálculos do Instituto Akatu.
– Geramos 3,4 milhões de toneladas de resíduos plásticos pós-consumo anualmente e reciclamos somente 22,1%. O total não reciclado equivale ao peso de 1,26 bilhão de garrafas PET de 2 litros cheias ou ao peso de 5 edifícios Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo.
– Consumimos 7,4 milhões de toneladas dos principais tipos de papel (impressão, embalagem e cartão) anualmente e reciclamos 66,9%. O total não reciclado equivale ao peso de mais de 1 bilhão de pacotes de 500 folhas sulfite A4 ou ao peso de 100 Estátuas da Liberdade.
– Descartamos 259 mil toneladas de caixas cartonadas anualmente e reciclamos apenas 31,1%. O total não reciclado equivale ao peso de 165 milhões de caixas de 1 litro de leite cheias ou ao peso de quase 18 Torres Eiffel.
– Dicas para descartar corretamente os resíduos e impulsionar a reciclagem!
- Antes de tudo, verifique se o material pode ser reciclado ou deve ser destinado ao lixo orgânico. Resíduos orgânicos, como restos de alimentos, folhas e sementes, podem ser compostados. Resíduos sólidos, como plásticos, vidros, metais, papéis, lixo eletrônico e tudo que não possui origem biológica, deve ser destinado à reciclagem.
- Se possível, higienize os materiais recicláveis que contém resíduos orgânicos. Retire o excesso com um guardanapo, uma colher ou com um pouco de água. Isso facilita o trabalho das cooperativas e evita o mau cheiro e insetos nos pontos de coleta.
- Informe-se sobre serviços de coleta seletiva no seu condomínio, bairro ou município. Se o seu prédio ainda não separa o lixo, converse com o síndico e mobilize seus vizinhos para implementar essa prática.
- Procure no site de seu município serviços de coleta seletiva, pontos de coleta, ecopontos e pontos de entrega voluntária. Se está na dúvida sobre como destinar alguns objetos ou materiais, consulte iniciativas que podem facilitar o descarte adequado.
Tem dúvidas sobre como descartar materiais específicos?
Medicamentos: não jogue no lixo comum ou no vaso sanitário, pois eles podem contaminar o solo e a água. Procure postos de coleta de medicamentos vencidos nas farmácias mais próximas da sua casa.
Sobras de tecidos e roupas usadas: reaproveite ao máximo, venda ou doe – aquela peça de roupa que você não pretende usar mais pode ser útil para alguém. Aproveite campanhas de arrecadação de roupas e agasalhos para limpar o guarda-roupa e ajudar instituições.
Pilhas, baterias, celulares, computadores e outros lixos eletrônicos não devem ser jogados no lixo comum. Entre em contato com o fabricante para verificar se ele trabalha com logística reversa: se recolhe equipamentos ao final de sua vida útil para destiná-los à reciclagem. Se não, você pode entregá-los em pontos específicos de coleta em diversos shoppings e supermercados, que encaminharão para a reciclagem.
Lâmpadas no lixo comum ou reciclado são um risco de ferimentos para os catadores e trabalhadores de cooperativas, além de liberar vapor de mercúrio ao quebrar. Lojas de materiais de construção podem dar uma destinação adequada.
Óleo de cozinha usado deve ser guardado em um recipiente (como uma garrafa ou pote de vidro) e encaminhado para pontos de coleta ou iniciativas que recebem esse resíduo. Não descarte o óleo na pia, pois ele pode entupir o esgoto ou poluir o lençol freático.
Móveis e eletrodomésticos podem ser descartados através de organizações que reutilizam suas peças ou partes e que oferecem o serviço de retirada desses itens. Outra opção é buscar o ecoponto mais próximo da sua casa, conferir no site da prefeitura do seu município se há algum serviço de coleta ou consultar o fabricante: algumas empresas trabalham com logística reversa e recebem produtos usados.
Vidros devem ser destinados para a coleta seletiva. Se o vidro quebrou, envolva em um papel, para não machucar quem manuseia seu lixo, e escreva em letras grandes que ali contém vidro quebrado.
Caixas cartonadas: Compostas por papel, alumínio e plástico, as embalagens longa vida podem levar até 100 anos para se decompor na natureza. Para o descarte correto, consuma o produto até o final, dê uma limpadinha na caixinha e destine para a reciclagem. Apesar de ter vários materiais, a lixeira mais indicada é a azul, junto com outros papéis!
Para mais dicas sobre como reduzir a geração de resíduos e outras informações sobre descarte adequado e reciclagem, acesse akatu.org.br.
Matéria: Thais Louzada/ Inpresspni