Por Thais Carvalho de Sousa – médica
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) alerta que o tabagismo é uma doença crônica e causa outras enfermidades. É responsável por levar à morte 443 brasileiros todos os dias, embora os óbitos decorrentes do ato de consumir tabaco sejam evitáveis, ainda há muitos fumantes. Não fumar ou parar é a principal forma de prevenir o câncer de pulmão, de cavidade oral, na laringe, faringe e esôfago.
O câncer de pulmão está no top três dos mais comuns em homens e mulheres no Brasil. É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão. Já o câncer de boca afeta lábios e demais estruturas, como gengivas, bochechas, palato duro, língua (principalmente as bordas) e a região embaixo dela.
Estima-se a ocorrência de 17.760 casos novos de câncer de pulmão entre homens e 12.440 entre mulheres para cada ano do triênio 2020-2022, no Brasil. Em cerca de 85% diagnósticos, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco, sendo o cigarro o mais importante fator de risco para o desenvolvimento da doença.
A médica e professora do curso de Medicina da Faculdade Pitágoras, Thais Carvalho de Sousa, alerta que fumar também é prejudicial à saúde dos expostos à fumaça. “O tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, desenvolvimento de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), aumento do risco cardiovascular e o risco de desenvolvimento de doenças reumatológicas como por exemplo a artrite reumatoide. Além disso, o tabagismo aumenta de risco de outras neoplasias como o câncer de garganta, esôfago e estômago. Os chamados fumantes passivos também podem desenvolver câncer por conta do contato constante da fumaça proveniente do tabaco. Inalar é tão perigoso quanto fumar”, pontua.
Anualmente as mortes evitáveis atribuídas ao tabagismo alcançam 37.686 pessoas por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), 33.179 por doenças cardíacas, 25.683 outros cânceres, 24.443 ao câncer de pulmão, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao acidente vascular cerebral.
A especialista adverte ainda que os responsáveis fiquem atentos aos adolescentes, pois segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2019), a exposição ao tabaco se dá de forma precoce. “O uso de narguilé e cigarro eletrônico virou uma onda entre os mais jovens e esse hábito atinge de igual forma o pulmão”, alerta. Adolescentes em idade escolar que fumaram pela primeira antes dos 14 anos compõem um percentual de 11,1%, para o País, sendo praticamente igual para meninos e meninas de 13 a 17 anos. A diferença entre os sexos é maior na Região Sul, pois 18% dos fumantes são meninas, e 13,5% meninos.
A fim de informar e colaborar com a saúde da população, a médica lista mudanças que são benéficas para o abandono do vício:
— Em 20 minutos, a frequência cardíaca e pressão arterial caem.
— De 2 a 12 semanas a circulação sanguínea melhora e a função pulmonar aumenta.
— De 1 a 9 meses a tosse e a falta de ar diminuem.
— Em 1 ano o risco de doença cardíaca coronariana é cerca de metade do de um fumante.
— Em 5 anos, o risco de derrame é reduzido ao de um não fumante.
— Em 15 anos, o risco de doença cardíaca coronária é o de um não fumante.
Tabagismo é um problema de saúde coletiva e o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado em 29 de agosto, tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais.
ASCOM