Por José Manoel Ferreira Gonçalves – engenheiro, jornalista e advogado.
Após duas décadas recebendo subsídios fiscais da União, estados e municípios da ordem de R$ 20 bilhões, a Ford decidiu fechar suas fábricas no país. Débitos com o Fisco, contrapartidas e isenções à parte, o anúncio não apenas escancara a falência do modelo de subsídios e benefícios tributários adotado pelo Brasil, mas também demonstra, em um cenário mais amplo, a gravidade de um quadro econômico que se mantém preocupantemente inalterado nos últimos anos: estamos mergulhados em um acelerado processo de desindustrialização, com fuga de investimentos e queda acentuada no nível de emprego qualificado.
Sem representatividade e apartada de qualquer movimento em prol de um projeto nacional de reconstrução da indústria, a Engenharia sofre silenciosa os reflexos desse desmantelamento da cadeia produtiva, da qual as montadoras sempre foram protagonistas. Mais de 20% do PIB industrial brasileiro é representado pelo setor automotivo.
O encerramento das três fábricas remanescentes da Ford no Brasil representa um duro golpe num mercado que já encontrava combalido. Setores diretamente ligados à produção automotiva, como o de autopeças, já estão à míngua e serão os primeiros a sentirem o impacto da decisão tomada pela matriz da companhia norte-americana, que, de imediato, anunciou a demissão de milhares de funcionários, incluindo todos os 830 que trabalhavam na planta de Taubaté. Segundo a Anfavea, em junho de 2018 o setor empregava mais de 112 mil pessoas em todo o Brasil.
Com forte presença na indústria automotiva, os engenheiros mecânicos e metalúrgicos são os mais afetados quando uma indústria como a Ford decide fechar as portas. Estima-se que 10% dos profissionais registrados no sistema do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) pertençam a essa modalidade. Hoje, eles são o retrato de um país que, ao contrário do que acontece em nações desenvolvidas, conta cada vez menos com engenheiros em sua base de emprego formal. Nos Estados
Unidos, por exemplo, um engenheiro é contratado a cada 30 segundos, conforme pesquisa da Kelly Services, empresa global de recursos humanos. Engenheiros mecânicos e industriais estão entre os mais requisitados, ao lado do engenheiro de softwares.
Estamos com níveis de emprego formal muito abaixo do esperado entre os profissionais engenheiros – e essa não é uma realidade apenas na indústria automotiva. A solução passa pela revisão de critérios para a abertura de novas escolas e seus respectivos currículos. A debandada de investimentos e empregos para o Exterior só agrava essa situação.
Não podemos assistir à derrocada da indústria nacional de camarote.
É preciso reagir!
Ao contrário do que disse recentemente a autoridade máxima do país, não estamos quebrados. O Brasil possui recursos que poderiam ser investidos em infraestrutura, como a poupança interna, hoje desafortunadamente destinada para o pagamento da dívida pública, que se acumula ano após ano e hoje é mantida, inclusive, fora do teto de gastos do governo. Além disso, contamos com balança comercial positiva e reservas cambiais de US$ 359 bilhões.
A crise é de gestão e de ausência de um projeto para o país ser grande novam ente, com a participação efetiva da Engenharia.
Sobre o autor
José Manoel Ferreira Gonçalves é engenheiro, jornalista, advogado, professor doutor, pós-graduado em Ciência Política pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, integrante do Engenheiros pela Democracia e presidente da Ferrofrente.


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