*Por Francisco Araújo
É sempre muito difícil escrever sobre política, futebol, música ou religião. Ambos os temas, são para mim, assuntos sempre polêmicos. Desde que eu era adolescente, lembro-me de ver, toda a cidade envolvida, com euforia e fanatismo, na questão política. Sempre achei legal e me empolgava por aquele partido que diziam que era para eu “torcer”.
Porém, comecei a ver a coisa de forma mais profunda, escutando os discursos dos candidatos, entendendo a questão partidária, analisando as propostas, participando de algumas atividades e, com isso, podendo enxergar o outro lado. O lado que os eleitores, tão apaixonados, não veem. O total desapego e desprezo dos políticos para com os eleitores.
Hoje, percebo, com tristeza, que as pessoas não procuram saber sobre esses detalhes, as pessoas não se importam se fulano de tal não tem índole para governar o município, o estado, o país. As pessoas se interessam em saber o que elas (individualmente) vão ganhar com o voto delas.
Não se importam se há irregularidades no governo, não se importam se a cidade está em decadência, acham até bacana quando o candidato sai pintando todas os prédios públicos da cidade da cor da sua campanha ou quando coloca placas nos carros públicos com referência a seu partido e sua legenda. É, isso é muito bacana.
Mas, o que mais podemos esperar de nós, eleitores, que só buscamos e queremos tirar algum benefício da situação. O que esperar de alguém que está vendendo o seu voto, o seu grito de democracia, por um milheiro de tijolos ou por um emprego fantasma, e ainda tem aqueles que esperam por algo que poderá vir a acontecer. O que esperar de nós, que nem entendemos nada sobre política e saímos gritando, vangloriando aquele candidato que até ontem nunca tinha ido na nossa casa?
Depois, vamos todos, cheios de razão, questionar que são uns corruptos, que não fazem nada, que isso, que aquilo…
Corruptos? Imprestáveis? Desonestos? Ahhh! me poupem, caríssimos (e)leitores, corruptos somos nós, que nos vendemos por uma cesta básica, por um emprego, que talvez dure 3 meses, se existir. Depois correremos pras redes sociais e reivindicaremos nossos direitos, cobraremos sensatez e honestidade daqueles que nos compraram com 50 reais.
Somos tão imprestáveis que temos coragem de sair gritando e cantando o nome de um candidato, se matando por um político e xingando quem não está do nosso lado. Mas, quantas vezes saímos gritando e reivindicando nossos direitos? Ah! Fazemos isso sim, nas redes sociais.
Infelizmente, não sou uma desses (a)leitoras como gostaria/deveria ser, não acompanho onde são empregados e o que estão fazendo com o dinheiro que nós, cada brasileiro honesto, pagamos no final de cada mês. Me culpo todos os dias por isso.
No entanto, a verdade é que observar isso, de longe e pela primeira vez, está sendo um grande tapa na minha cara. Está me fazendo ter vontade de desistir de ser um (a) leitor.
A única coisa que tenho certeza é a de que vou ensinar aos meus filhos a lerem sobre política, a procurarem informações relevantes, para que eles tenham sua própria decisão e não precisem “torcer” por ninguém só porque vê todo mundo ao seu redor torcendo.
Nessa eleição, não vestirei uma bandeira de cor, vestirei a bandeira do meu município, estado, país. Ao escrever este texto, não tive a intenção de fazer as pessoas gostarem dele, é apenas um comentário retórico sobre o que penso.
Para finalizar deixo aqui, uma frase do grande e polêmico Nelson Rodrigues: “Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.”
Antes de idolatrar o politico, valorize a si mesmo. Só assim será enxergado como homem digno de respeito.
Sobre o autor:
Francisco Araújo reside em Xique Xique (BA).
Ele é pedagogo e professor de Filosofia.
Revisão do artigo: Jornalista Jordhan Araujo.