Os transtornos mentais atingem milhões de pessoas em todo o mundo, sendo visto um crescimento considerável do número de casos em mulheres especificamente. Mas, o que muitas pessoas questionam é sobre o que leva uma pessoa a ter esses transtornos. Na verdade, não há apenas um, mas vários fatores estão associados ao desenvolvimento de um transtorno mental.
Agentes de mudanças sociais importantes, as mulheres são referências dentro de seus núcleos familiares e representam parte fundamental da força de trabalho, entre outras atividades que tornam sua rotina bastante movimentada. Devido a isto, muitas vezes, esquecem do principal: cuidar da saúde mental. Como se não bastasse as inúmeras funções desempenhadas, ainda são frequentemente submetidas a diversos fatores estressores internos e externos que prejudicam a sua estabilidade emocional.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) que afirma que a saúde mental feminina é afetada por seu contexto de vida e por fatores externos socioculturais, econômicos, de infraestrutura ou ambientais, a transformação desses fatores seria o ideal para uma prevenção primária dos adoecimentos psicológicos das mulheres.
De acordo com o médico psiquiatra, Dr. Rogério Jesus, várias questões potencializadoras podem contribuir para o adoecimento psíquico das mulheres já que diariamente estão vulneráveis à pressões sociais, emocionais e estéticas. “Além das questões estruturais da sociedade como atribuição das tarefas domésticas à elas, ainda existem os abusos físicos, psicológicos e emocionais, às vezes a falta de momentos de lazer e descanso, questões econômicas, como a dependência financeira da família, a baixa qualidade de vida, a repressão sexual e/ou submissão ao parceiro, a vulnerabilidade relacional e ainda processos biológicos e distúrbios hormonais, são algumas situações que podem afetar o psicológico delas,” destacou.
Transtornos que mais acometem as mulheres
Segundo o especialista, os transtornos psicológicos mais frequentes entre as mulheres são a depressão, a ansiedade, distúrbios associados ao puerpério, a compulsão, anorexia e bulimia, problemas que necessitam de ajuda profissional.
Dados da OMS apontam que o Brasil é o país com mais casos de depressão da América Latina, com cerca de 5,8% da população sofrendo da doença. Ainda, na relação entre homens e mulheres, os casos nas mulheres têm um aumento 30% em comparação aos homens.
Conforme Dr. Rogério, a doença afeta duas vezes mais as mulheres do que homens e corresponde a principal causa de incapacidade no trabalho. “A depressão acomete muito as mulheres, pois, a possibilidade delas pegarem os problemas para si, é muito maior do que os homens, que tendem a colocar para fora e as vezes podem transferir para coisas de seus ambientes como o álcool por exemplo,” salientou.
Em relação aos demais transtornos desenvolvidos pelo sexo feminino, o psiquiatra aponta que os de ansiedade generalizada, fobia social e síndrome do pânico. Quanto aos transtornos associados ao puerpério, como a depressão pós-parto, ele destaca que o quadro acomete entre 10 a 15% das mulheres e além de ser considerado muito comum no Brasil, pode afetar, inclusive, o desenvolvimento fetal.
O médico explica também que existem situações em que é possível prever e evitar o desenvolvimento de algum tipo de transtorno mental nas mulheres, porém, há outras situações que é quase inevitável que a pessoa fique imune de alguns deles, todavia, ele aponta que alguns cuidados são essenciais e podem colaborar para a promoção da sua saúde mental.
“Cuidar da autoestima, ter resiliência emocional, de forma a ser capaz de contornar situações adversas, contando com a ajuda, se necessário, do profissional psicólogo ou psiquiatra, pensar de maneira mais positiva, desenvolver habilidades sociais de resolução de problemas, de gerenciamento de estresse e de desenvolvimento do autocontrole, realizar atividade física regularmente, guardar um tempo para o lazer, buscar a realização pessoal e profissional, afastar-se de relacionamentos tóxicos e abusivos podem minimizar a possibilidade do desenvolvimento de transtornos psicológicos,” salientou.
Crédito do texto: ASCOM