Alívio, satisfação, segurança e gratidão. Esses foram os sentimentos mais expressados por alguns dos 211 brasileiros que chegaram nesta madrugada no primeiro voo da Força Aérea Brasileira (FAB) para repatriar brasileiros da região de conflito entre Israel e palestinos. A aeronave KC-30 (Airbus A330 200) aterrissou na Base Aérea de Brasília às 4h07 da madrugada desta quarta-feira, dia 11.
Turistas, empresários, escritores, pastores, produtores de vídeo, aposentados que estavam em várias regiões de Israel foram acolhidos pela operação Voltando em Paz. A logística começou a ser organizada no sábado (7/10) pelo Governo Federal, assim que teve início o conflito que já deixou milhares de mortos dos dois lados da fronteira.
LOGÍSTICA — Na chegada a Brasília, os passageiros foram recepcionados pelo ministro da Defesa, José Mucio, pela ministra substituta do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, e pelo tenente brigadeiro Damasceno, comandante da Aeronáutica.
ESTRUTURA — Uma segunda aeronave com o mesmo perfil de 210 lugares fará o trajeto entre Israel e o Brasil nesta quarta-feira. Na tarde de terça (10/10) à tarde, uma terceira aeronave para repatriação de brasileiros decolou do Brasil. A KC-390 Millennium (Embraer) tem capacidade para 60 lugares.
Ainda nesta quarta, no fim do dia, a mesma tripulação que chegou a Brasília nesta madrugada, sob coordenação do comandante Marcos Olivieri, decola novamente para Israel com o KC-30 para dar sequência aos resgates. “É uma sensação gratificante fazer parte disso. A gente se sente muito honrado. A recompensa maior é o sorriso dos brasileiros na aeronave”, disse Olivieri.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv organiza grupos de brasileiros por critérios de prioridade – residentes no Brasil e, dentre estes, pessoas com deficiência, idosos, grávidas e grupos com menores de idade – para embarque nos voos da FAB previstos para serem realizados entre hoje e o próximo domingo. Além de organizar o embarque, a embaixada realiza o transporte desses passageiros desde Jerusalém e de Tel Aviv ao aeroporto Ben-Gurion. Quando necessário, é providenciada documentação de viagem, além de registro consular de nascimento aos filhos de brasileiros nascidos no exterior que ainda não tenham sido registrados.
GAZA E CISJORDÂNIA — O Escritório em Ramala monitora a situação dos brasileiros na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. As condições de retirada nessas regiões apresentam desafios adicionais porque as fronteiras estão fechadas. Em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo, o Itamaraty segue trabalhando para viabilizar a evacuação dos brasileiros.
“Vamos trazer todos os brasileiros que estão na região. O Itamaraty já está no contato com países vizinhos para ver se deslocamos os brasileiros que estão no entorno. A Aeronáutica já tem montado um esquema especial para trazer. São grupos pequenos, lá tem de se deslocar por terra porque não temos acesso para que o avião pouse. Estamos trabalhando para levá-los para um lugar seguro e que possam também voltar a sua terra”, disse o ministro da Defesa, José Mucio. Segundo ele, o Brasil foi o primeiro país a concretizar operação de repatriação de cidadãos. “Desde sábado a Aeronáutica está debruçada nessa logística, com um gabinete de crise aqui e outro em Tel Aviv”.
Segundo o tenente brigadeiro Damasceno, comandante da Aeronáutica, está sendo feita uma análise detalhada do cenário em Gaza. “Inicialmente imaginava-se a Cidade do Cairo como base, mas é uma distância longa, tem alguns checkpoints a serem cruzados. Estamos analisando outros dois aeroportos, ao norte e Nordeste do Egito”, explicou. “Apesar da sensibilidade da região, temos certeza de que traremos todos”.
CONSELHO DE SEGURANÇA — Durante o mês de outubro, o Brasil assumiu a Presidência rotativa do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) pelo período de um mês. O país ocupa uma das 10 vagas do Conselho para membros não permanentes, em um mandato que irá até o fim deste ano. É a segunda vez no atual biênio que o Brasil ocupa a Presidência temporária do Conselho – a primeira ocorreu em julho de 2022. O país também é um dos maiores participantes entre os membros não permanentes do CSNU, atrás apenas do Japão. Desde a criação do órgão, em 1948, esse é o 11º mandato brasileiro.
“O Brasil não poupará esforços para evitar a escalada do conflito, inclusive no exercício da Presidência do Conselho de Segurança da ONU. Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”, destacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais.
SERVIÇO — A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está publicando formulário para inscrição de interessados nos eventuais voos de repatriação e transmite instruções para deslocamento ao aeroporto de Ben-Gurion à medida que se confirmem os voos. O formulário está disponível aqui.
PLANTÕES — O Governo brasileiro montou no Itamaraty estrutura para o acompanhamento da situação dos brasileiros na região. Os plantões consulares da Embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com “Whatsapp”, permanecem em funcionamento para atender nacionais em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty também pode ser contatado por meio do telefone +55 (61) 98260-0610.
Edição: Tribuna do Recôncavo | Informações: gov.br.