Segundo consta em um relatório publicado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA em 17 de janeiro, três dias antes da posse de Joe Biden, o governo americano pressionou o Brasil a rejeitar a compra da Sputnik V, vacina russa contra a Covid-19. O documento é um balanço anual sobre as atividades do departamento no ano de 2020, período com atuação do governo do ex-presidente Donald Trump.
Na página 48, assinada pelo então secretário de Saúde Alex Azar, há um trecho que diz que os EUA usaram relações diplomáticas para dificultar as negociações de países como a Rússia, classificados como “mal-intencionados”, na comercialização dos imunizantes. “Os exemplos incluem o uso do escritório do Adido de Saúde do OGA [Escritório de Assuntos Globais do Departamento de Saúde dos EUA, na sigla em inglês] para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19”, afirma o texto divulgado pelo próprio governo americano. Na manhã desta segunda-feira, dia 15, o perfil oficial da Sputnik V no Twitter chamou atenção para o relatório e fez críticas à atitude americana, dizendo que os países devem trabalhar juntos “para salvar vidas”.
“Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e estão custando vidas”, diz a postagem. Diante do cenário de escassez de vacinas no Brasil e da ineficiência do governo Jair Bolsonaro em adquirir as doses, na semana passada os governadores do Nordeste tomaram a iniciativa de negociar por conta própria e assinaram um contrato com o Fundo Russo de Investimento Direto para a compra de 37 milhões de doses da Sputnik V, que devem chegar ao Brasil entre abril e julho. Um dia após a movimentação dos governadores, o Ministério da Saúde do Brasil assinou um contrato de 10 milhões de doses da vacina, que ainda não tem aval da Anvisa para uso emergencial. A Sputnik V teve eficácia de 91,6% contra a Covid-19, segundo resultados preliminares publicados na “The Lancet”, uma das mais prestigiosas revistas científicas do mundo.
Metro1