Tema DESAFIOS PARA A VALORIZAÇÃO DA HERANÇA AFRICANA NO BRASIL.
O tema supera as expectativas, as apostas, os spoilers. É um tema muito interessante, afinal de contas retrata uma minoria que é desvalorizada. Neste caso, o candidato foi convidado a analisar e refletir sobre a herança africana no Brasil, conduzido pela palavra “desafios”, que é o comando específico. Ou seja, não era tratar de qualquer aspecto acerca da herança africana, mas das dificuldades que se tem para valorizar a herança da cultura africana no país.
Nesse sentido, poderia ser abordado o processo de formação da história brasileira, que é eurocêntrica, tudo que era valorizado vinha da Europa e, neste caso, o que era produzido pelo negro era invisibilizado. Nesse sentido, nós podemos, por exemplo, trazer como argumentação para o desenvolvimento 1, preconceito em tudo, em torno de tudo que é produzido pelos negros, e no desenvolvimento 2, poderia falar da invisibilidade dessa questão nas escolas. Como repertório, era possível trazer a obra Casa Grande e Senzala, do sociólogo Gilberto Freire.
Poderia ser feita, também, uma alusão histórica da forma como os escravos viviam na senzala e se alimentavam, por exemplo, dos restos, das vísceras do que não era usado pelos senhores de engenho, e daí surge o que é chamado de comida de senzala, como a feijoada, o sarapatel, a dobradinha, comidas em que eram utilizados ingredientes desprezados pelos donos, pelos detentores do poder.
Podemos tratar, ainda, de uma questão cultural de os negros não podiam cultuar a religião deles e que utilizavam o tal do sincretismo religioso, quando se apropriavam das imagens dos santos católicos para poder cultuar os seus deuses.
Ainda era possível trazer a questão das obras de Jorge Amado, em que sempre era ressaltada a cultura africana, além da obra baiana Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior, que traz de uma forma muito interessante, valoriza bastante a cultura africana e a importância dessa cultura para a formação do povo brasileiro. Especificamente em Salvador, houve, no fim de 2023, a conferência da diáspora africana nas Américas, com as presenças da cantora Beyoncé e da atriz Viola Davis.
Por Sidinéia Azevedo, professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio e Pré-Vestibular Bernoulli.