O Museu Nacional apresentou, na manhã desta quinta-feira, dia 13, o primeiro meteorito incorporado à coleção da instituição após o incêndio de 2018. Trata-se do meteorito Santa Filomena, que caiu na cidade de mesmo nome em Pernambuco e pesa 2,82 kg.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, prometeu que a peça estará em exposição no ano que vem, na primeira parte do museu recuperada. “Ano que vem, em 6 de junho, isso aqui estará aberto e restaurado para o público. E ainda com a atividade de montar uma baleia sobre a escacada. Só conseguimos chegar a este ponto graças ao trabalho de centenas de anônimos”, disse Kelner.
A queda do meteorito aconteceu na tarde de 19 de agosto de 2020, quando os moradores de Santa Filomena ouviram um estrondo acompanhado da queda de várias “pedras” do céu. A situação chamou a atenção de curiosos e políticos. Um dos meteoritos, inclusive, chegou a quebrar o telhado de uma casa.
Os pesquisadores da UFRJ, ligados ao Museu Nacional, foram alguns dos primeiros a chegar na cidade e coletar amostras para estudos. Eles chegaram no dia 20. “Em poucos dias a cidade foi invadida por caçadores de meteoritos. Centenas de pessoas do Brasil e do exterior”, disse a pesquisadora Amanda Tosi.
O Meteorito Santa Filomena é classificado como um condrito, que são meteoritos rochosos encontrados de maneira comum. O que torna a peça especial é a raridade da queda dele em espaço urbano, além das imagens de câmeras que registraram o fenômeno. “É um meteorito mais comum, mas o que não é comum é a chuva em cima de uma cidade. Muitos pedaços, principalmente pequenos”, contou Maria Elizabeth Zucolotto.
De acordo com os pesquisadores, o Meteorito Santa Filomena veio do cinturão de asteroides, um espaço sem planetas, entre Marte e Júpiter. Ele é importante para a ciência pois ajuda os cientistas a entender como o sistema solar foi formado. “Ele é considerado um fóssil do sistema solar. Ele tem umas estruturas esféricas chamadas condros. São intactos desde há 4,56 bilhões de anos, praticamente a idade do sistema solar. É o passado do nosso planeta”, disse Amanda.
As pesquisadoras da UFRJ afirmam que o maior pedaço que caiu em Pernambuco, de 40 kg, foi adquirido por um colecionador no exterior.
Outro fato que chama a atenção na queda do meteorito é que ele foi resgatado por um grupo de pesquisa em que todas as integrantes são mulheres. De acordo com os profissionais da pesquisa, isso não é comum. O grupo, chamado de “Meteoríticas”, atua em todas as etapas da pesquisa, desde o trabalho de campo, passando pelo estudo em laboratório até a divulgação das descobertas.
O grupo existe desde 2017. A liderança das pesquisadoras é de Maria Elizabeth Zucolotto, que estuda meteoritos há 40 anos. Com várias profissionais interessadas, tornou-se mais fácil trabalhar nas pesquisas.
O trabalho foi feito e catalogado em três meses, permitindo ser integrado ao acervo do Museu Nacional e a publicação em revistas especializadas. Pesquisadores da Unesp também ajudaram na pesquisa e em cálculos. “Esse estudo só foi possível porque tinha câmeras de tv, do clima ao vivo, e foi possível observar a trajetória do meteoro. Com câmeras georreferenciadas a gente consegue medir a velocidade, o ângulo com o qual esse objeto entrou na atmosfera da Terra”, afirmou a pesquisadora Diana Andrade.
Além da promessa de abertura para o público da primeira etapa da reconstrução do Museu Nacional em meados do ano que vem, Alexander Kellner destacou que a instituição estabeleceu um prazo ao lado do governo federal para a entrega da maior parte do palácio para a população. “Em 26, a maior parte possível do palácio será aberta para a população”, destacou Kellner.