Ana Fausta Araújo, aos 48 anos, é a primeira mulher alçada à patente de tenente-coronel nos 124 anos de história do Corpo de Bombeiros Militar da Bahia. A instituição foi criada oficialmente no estado em 1894. A trajetória de Fausta na corporação foi marcada, ainda, por outros pioneirismos, como ser a primeira mulher a comandar um grupamento do Corpo de Bombeiros.
À frente de um grupo especializado em salvamento aquático e mergulho (GMAR), Fausta lidera 122 pessoas-sendo apenas 11 delas mulheres. Também fez parte da primeira turma de mulheres da PM da Bahia em 1990. Seis anos depois, pediu para fazer parte do Corpo de Bombeiros, que era subordinado à PM até 2014. À época, era apenas uma estudante de 18 anos, recém-formada do curso de instrumentação da antiga Escola Técnica da Bahia.
Fausta foi a primeira oficial da família. Com a chegada da turma de mulheres em um universo predominantemente masculino, as reações foram diversas, desde o acolhimento aos comentários machistas de que lugar de mulher era na cozinha.
A estabilidade profissional não a deixou acomodada. Formou-se bacharel em urbanismo e ciências contábeis e fez pós-graduação em gestão pública municipal pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb). Ela também estudou gestão em segurança pública pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e fez pós-graduação em segurança pública pela própria PM.
Além dos comandados no grupamento, sob o guarda-chuva de Ana Fausta está o projeto Anjinhos da Praia, criado em 2016, que atende três turmas de 40 alunos, com crianças de 7 aos 13 anos. Desenvolvido por corpos de bombeiros em outros estados o projeto é inspirado no Projeto Golfinhos. Na Bahia mudou de nome em homenagem à religiosidade do povo baiano e da própria militar.
“Por cinco dias, aprendem lições de cidadania, sobre os cuidados na água, sinalização, primeiros socorros, além de abordarmos outros temas importantes e atuais, como bullying e prevenção às drogas”, conta a tenente-coronel.
Desde a nomeação publicada no Diário Oficial no sábado (13), mas divulgada quarta (17), o telefone da comandante “não para de tocar”, com ligações de familiares e amigos felizes pela promoção. Além da vida profissional, em casa, Ana Fausta Araújo é mãe de uma jovem de 19 anos e responsável pelo irmão de 44 anos, com síndrome de Down. “A mulher pode e é capaz de fazer bem qualquer coisa a qual ela se propuser”, completou.
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