Por Maria do Carmo – poetisa
Os resquícios da escravatura no nosso país nos levam a refletir acerca da situação do Negro na sociedade contemporânea, em decorrência de um teórico abolicionismo relatado na História Oficial, em 13 de maio de 1888.
NEGRITUDE
Sou oriundo das tribos africanas.
Sou negro, sou gente bacana.
Pouco importa se vim do Sul ou do Norte.
Quero apagar as marcas da escravidão,
Construir uma nova história,
Modelar a minha própria sorte.
Fui refém dos porões e das senzalas,
Vitimado pela prepotência dos “senhores”.
Recorri ao abrigo no quilombo,
Salvei-me das torturas e horrores.
Sou negro, sou gente bacana.
Resistência é a minha identidade africana!
A sociedade contemporânea quer condenar-me novamente a escravidão,
Quer continuar me acorrentando com o preconceito e a discriminação.
A minha liberdade, não é apenas uma ficção!
Estou salvo dos porôes, das senzalas e das correntes.
E decreto: Respeito e dignidade para toda a minha gente!
Sou negro, sou bacana, sou gente!
Texto publicado na Antologia Literária: A MATRIZ DA PALAVRA – O NEGRO EM PROSA E VERSO pela Litteris Editora – 2015.
Sobre a autora:
Maria do Carmo, residente na cidade de Mutuípe (BA), é autora da Coletânea Poética Retalhos de Vivências, tem poemas publicados em várias Antologias, sendo as mais recentes: Tabuleiro de Poesia, Seletos Versos, O Livro das Marias II e Sarau Brasil. Ela participa de eventos literários, sendo o mais recente no Palco aberto da III Feira Literária de Campina Grande/PB. Maria é professora da Escola Municipal Luís Eduardo Magalhães em Santo Antônio de Jesus e colunista do site de notícias Tribuna do Recôncavo.