Por: Luciano Ferreira Lima – Consultor e Gestor de Projetos Políticos, Mestrando em Ciência Política, Advogado, Professor Universitário e Articulista.
Parte 8
Da série:
A Construção de um Projeto Político Eleitoral.
Esse é o oitavo texto da apresentação semanal de um conjunto de artigos sobre “A Construção de um Projeto Político Eleitoral”.
No artigo de hoje, conversaremos sobre a utilização das Emendas Parlamentares no Marketing Político.
Esperamos que você, que iniciou essa leitura e se interessa pelo tema, acompanhe aqui as publicações semanais dos artigos e, se possível, visite minhas redes sociais e compartilhe com os amigos.
BOA LEITURA!
As emendas parlamentares ao orçamento da União cresceram e se tornaram, em sua maioria, despesas obrigatórias.
Com valor total de cerca de R$ 36 bilhões, elas representam 24% da soma das despesas discricionárias.
A maior parte dessas emendas, são destinadas a gastos de caráter local, focalizados em Estados e Municípios, conforme os interesses de cada um dos 594 congressistas nacionais.
Logicamente, elas também estão presentes nas Leis Orçamentárias Anuais, de Estados e Municípios, Brasil afora.
Não obstante a crítica de alguns ao modus operandi e ao volume de recursos destinados a elas, esse tipo de procedimento ocorre também em outras nações tidas como democráticas: como os Estados Unidos, onde elas representam apenas 2,4% das despesas discricionárias.
Do mesmo modo, defendem alguns críticos, a aplicação dessas emendas pode representar um plus no poder em favor daqueles que detém mandato. Desequilibrando o jogo democrático e eleitoral nos Estados e nos Municípios.
Todavia, observamos uma forte mitigação da reserva política trazida pela má utilização das emendas como instrumento de fortalecimento da narrativa, da reputação e da imagem do parlamentar que a destinou para a região onde busca maior influência política e eleitoral.
Isso decorre de vários erros ou omissões nas estratégias de marketing politico dos deputados, tornando a comunicação inexistente e ou insuficiente para se estabelecer um eficiente diálogo com o público alvo beneficiário das emendas.
Inicialmente, a emenda não deve ser traduzida numa lógica ou valor econômico, mas em dados que dialoguem com as necessidades da população atendida.
Indicar pessoas beneficiadas, problemas solucionáveis e direitos primários atendidos, devem fazer parte da narrativa desde o nascimento da emenda.
Ela não deve surgir e ser advogada como uma causa em si mesma. A emenda deve ser apresentada como um processo. Para que se possa construir uma história. Com começo, meio e fim.
Essa história deve nascer com a narrativa de um evento simples, do dia a dia, afetado por uma necessidade emergente e, até mesmo individualizada (naquele momento), impondo ao agente político uma ação imediata e intensa que aponte para a solução do problema; mas que também demonstre os reflexos dele em um universo maior de pessoas daquela região, localidade ou grupo social.
Fugindo de abstrações e traduzindo esse comportamento em um evento factível, poderíamos viver a seguinte situação: uma mãe, cansada de perambular pelos hospitais da cidade, procura atendimento especializado em cardiopediatria. Levada ao parlamentar, esse procura atendimento para a criança em vários hospitais. Todavia, para o perfeito atendimento seria necessário um determinado equipamento.
Após varias tentativas juntos aos hospitais próximos, o político encontra, na capital do estado, um hospital que possui esse equipamento.
Realizado o atendimento e o tratamento daquela criança, o parlamentar recebe o agradecimento daquela mãe, antes angustiada com o problema.
A partir de então, o político decide buscar verba para a aquisição daquele tipo de equipamento para um hospital daquele município.
Durante essa busca descobre-se que outras crianças também necessitam daquele mesmo tratamento.
Através de emenda parlamentar é realizada a aquisição do equipamento que atenderá outras crianças da cidade e da região.
Percebe-se nessa narrativa que o parlamentar sai de um estágio de homem comum e é elevado a uma posição de “herói” para aquela comunidade. Mas isso irá depender – é claro – da história contada e da história emocionalizada.
Essa história – e não se propõe aqui uma estória – deve culminar com a inauguração ou entrega do equipamento pelo parlamentar e, se possível, com a presença daquela mãe e da criança, símbolos da realização.
Noutra ponta, o parlamentar deve – dependendo do montante ou da sua urgência – negociar a gerenciamento de suas emendas – com o administrador dos recursos e do equipamento a ser adquirido – desde a indicação legislativa até a sua efetiva entrega. Indicando alguém de sua confiança para, institucionalmente, impor maior operacionalidade e celeridade nas entregas.
Caso fique distante desse gerenciamento, poderá não ocorrer a aquisição ou a entrega do objeto, no tempo útil e razoável aos interesses da população e do parlamentar.
Compartilhar as fases do processo de aquisição, cronologicamente – se possível – demonstrará uma pactuação popular que ajudará na construção da imagem e da reputação do deputado.
Toda essa narrativa, para ser construída, necessita de profissionais de marketing político que trabalhem sob a orientação de um Consultor Político, pois existem muitas variáveis a serem observadas durante essa construção.
Você, Deputado Federal ou Deputado Estadual.
Pense nisso!!!
E, até o próximo artigo.
O que começou neste artigo pode continuar nas redes sociais, inscreva-se em meu canal no Youtube, siga-nos no Instagram e no Facebook.
Obrigado!
Sobre o autor:
Luciano Ferreira Lima
Consultor e Gestor de Projetos Políticos,
Mestrando em Ciência, Política, Advogado,
Professor Universitário e Articulista.