Dezoito trabalhadores rurais em condições análogas à escravidão foram resgatados por uma equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na terça-feira (16), na BR-101, em Teixeira de Freitas, no sul da Bahia. A informação foi divulgada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), nesta quarta-feira (17).
Segundo informações do órgão, os lavradores fugiram do município de Boa Esperança, no Espírito Santo, após serem submetidos a trabalhos em condições precárias. O grupo viajava para a cidade de Piranhas, interior de Alagoas, em uma van clandestina, quando o veículo foi parado pela polícia.
De acordo com o órgão, os trabalhadores contaram que foram enganados por um homem que prometeu trabalho e estavam retornando para casa sem dinheiro e contando com a ajuda de terceiros. O grupo foi encaminhado para o Ministério Público do Trabalho de Eunápolis, onde prestaram depoimento e receberam um transporte regular para voltar para Alagoas.
Os lavradores disseram para os procuradores do MPT que o homem que os contratou ofereceu trabalho na colheita de café, com diárias que poderiam chegar a R$ 100. A chegada dos trabalhadores no Espírito Santo aconteceu em 1º de julho, em um ônibus clandestino, que o dono da lavoura contratou.
Ainda de acordo com o MPT, ao chegar a Boa Esperança, os trabalhadores foram alojados em uma casa sem condições mínimas de higiene e sem mobiliário e passaram a trabalhar em atividades diversas, sempre conduzidos pelo dono da lavoura. Entretanto, o grupo recebeu a diária entre R$ 20 e R$ 50.
Segundo o depoimento dos trabalhadores, tanto as ferramentas usadas no trabalho quanto a comida que consumiam estavam sendo pagas pelos próprios lavradores. Eles também tiveram que arcar com os custos da viagem de ida, aluguel, água e energia elétrica da casa que estavam e não tiveram registro da relação de trabalho em suas carteiras profissionais.
O MPT informou que o grupo recebeu ajuda da população local para se alimentar e para conseguir um veículo para voltar para Alagoas e a van, que foi oferecida por um vereador. O caso será remetido para a unidade do MPT do Espírito Santo com indicação para que, a partir dos elementos colhidos nos depoimentos, sejam identificados o dono da lavoura de café.
G1