As primeiras informações da perícia apontam que o material utilizado na construção do alojamento da divisão de base do centro de treinamento (CT) do Flamengo pode ter acelerado a propagação das chamas, no incêndio que matou dez atletas na madrugada da última sexta-feira (8). Segundo informações obtidas pelo RJTV, pelo menos um dos corpos carbonizados apresentava forte odor de solvente, o que pode indicar a presença do material altamente inflamável. Testemunhas relataram ainda que encontraram espuma no local.
De acordo com o site da empresa NHJ do Brasil, responsável pela fabricação dos contêineres utilizados no CT, os módulos são compostos por painéis termo-acústicos preenchidos com poliuretano (espuma) revestidos dos dois lados e chapas de aço formando um sanduíche. Especialistas afirmam que as chapas de aço evitariam que o poliuretano pegasse fogo. O maior risco estaria relacionado à presença de alguma tinta nas paredes.
No entanto, o engenheiro Gerardo Portela avalia que o material não é adequado para alojamentos. “Esse tipo de estrutura em sanduíche tem um limite de suportar calor, então enquanto é um princípio de incêndio e as pessoas estão acordadas para reagirem com rapidez, ok, ele ainda pode ser utilizado, no caso de um escritório, por exemplo. Com pessoas dormindo, como projetista eu não especificaria esse material”, afirmou em entrevista ao Jornal Nacional.
O poliuretano estava presente nas paredes da Boate Kiss, em Santa Maria, onde morreram 242 pessoas durante um incêndio em 2013. A boate usava placas com espuma de poliuretano. Durante o incêndio, o fogo se alastrou em poucos minutos.
A perícia já informou que o incêndio foi iniciado no aparelho de ar-condicionado do quarto seis e se propagou pelo restante do ambiente. Os mortos e feridos estavam nos quartos mais distantes da saída.
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