Apenas 12 de 140 ocupações no mercado de trabalho formal tiveram remuneração média ajustada acima da inflação nos últimos 12 meses. Estudo feito com base em dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que a maior parte dos trabalhadores perderam poder de compra no período.
No topo da lista, o cargo de médico clínico é o que teve melhor ajuste salarial no período. Este tipo de profissional teve reajuste de 35,6% acima da inflação nos últimos 12 meses. Em segundo lugar aparece o professor de nível médio no ensino fundamental, com ajuste salarial de 15,6%, descontando a inflação.
Além destas duas áreas, profissionais de TI e de gestão de estoques e vendas também tiveram ganhos consideráveis no último ano. Os dados contrastam com a redução do desemprego. Ou seja, indicam que as demais áreas, embora estejam contratando, os profissionais tiveram redução na renda média, sem aumento salarial acima da inflação.
“O mercado de trabalho tem evoluído positivamente do ponto de vista do emprego, da geração de vagas e até mesmo da redução da taxa de desemprego. O grande problema, que afeta um grupo de pessoas mais amplo que o do desemprego, é a corrosão do rendimento real”, afirma Fabio Bentes, economista da CNC, destacando que já são 10 meses seguidos com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos.
O estudo da CNC avaliou a média salarial dos trabalhadores em 140 classificações diferentes, que representam 72% das carreiras do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em maio, comparando os doze meses anteriores, e subtraiu a inflação anual de 11,9%, de acordo com o IBGE.
Na outra ponta, sete carreiras apresentaram forte redução salarial no período. No topo, o cargo de motorista de ônibus urbano teve rendimento médio de R$ 2.490, enquanto que a função de contínuo recebeu R$ 1.415 por mês. As duas atividades perderam 19% do poder de compra para a inflação.
Carreiras com maior ganho salarial:
- Médico clínico – salário médio de R$ 10.834 e 35,6% de aumento do poder de compra
- Professor de nível médio no ensino fundamental – salário médio de R$ 3.329 e 15,6% de aumento do poder de compra
- Controlador de entrada e saída na indústria – salário médio de R$ 2.341 e 8% de aumento do poder de compra
- Professor de nível superior na educação infantil – salário médio de R$ 2.402 e 4,9% de aumento do poder de compra
- Estoquista – salário médio de R$ 1.780 e 3,2% de aumento do poder de compra
- Programador de sistemas de informação – salário médio de R$ 5.296 e 2,2% de aumento do poder de compra
- Professor de nível médio na educação infantil – salário médio de R$ 2.002 e 2% de aumento do poder de compra
- Gerente comercial – salário médio de R$ 4.833 e 1,2% de aumento do poder de compra
- Trabalhador no cultivo de árvores frutíferas – salário médio de R$ 1.381 e 1,2% de aumento do poder de compra
- Analista de desenvolvimento de sistemas – salário médio de R$ 6.805 e 1,1% de aumento do poder de compra
Carreiras com maior perda salarial:
- Motorista de ônibus urbano – salário médio R$ 2 490 -19% no poder de compra
- Contínuo – salário médio R$ 1.415 -19% no poder de compra
- Auxiliar de desenvolvimento infantil – salário médio R$ 1.433 -18% no poder de compra
- Pedreiro – salário médio R$ 2.064 -16% no poder de compra
- Carregador (veículo de transporte terrestre) – salário médio R$ 1.913 -15% no poder de compra
- Motorista de ônibus rodoviário – salário médio R$ 2.449 -15% no poder de compra
- Garçom – salário médio R$ 1.608 -15% no poder de compra
- Fisioterapeuta geral – salário médio R$ 3.050 -14% no poder de compra
- Agente de saúde pública – salário médio R$ 1.986 -14% no poder de compra
- Atendente de lanchonete – salário médio R$ 1.396 -13% no poder de compra