Por Sabrina Mader Ribeiro
A escola é o primeiro lugar onde se aprende a socializar fora do ambiente familiar, onde culturas e opiniões distintas dão início aos primeiros conflitos, é uma excelente oportunidade de aprendizado, tanto de frustações, medo do novo e de mudanças quanto de troca de experiências.
A Neurociência comprova que estimular a criança o quanto antes a conhecer e saber lidar com seus sentimentos, ajuda a criar caminhos neurológicos que faz com que ela se recupere de uma experiência negativa ou de alguma frustração com mais sabedoria e rapidez, porque estimula o córtex pré-frontal, área do cérebro que atua no planejamento, pensamento criativo, capacidades emocionais e modulação do comportamento.
A Inteligência Emocional auxilia na prevenção do bullying, preconceitos, uso das drogas, violência e suicídio. Pesquisas revelam uma melhora significativa no rendimento escolar e nas notas das avaliações, mostrando que devido ao estado emocional equilibrado se aprende com maior facilidade, pois a competência socioemocional está ligada diretamente ao processo de aprendizagem, além de ser uma das habilidades mais valorizadas no mercado de trabalho, porque envolve trabalho em equipe, resiliência e comunicação. Por este motivo, o aluno terá este aprendizado para a vida toda.
Mas para uma criança ser saudável emocionalmente não significa que não poderá chorar, muito pelo contrário, isso também faz parte do autoconhecimento. É imprescindível que ela se expresse, exteriorize e aprenda a se acalmar.
Em 1990, a Unesco promoveu uma conferência Mundial da Educação para todos, na Tailândia, onde foram definidos quatro pilares importantes para a educação, também abordados na Base Nacional Comum Curricular, são eles: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Todos eles estão interligados com as habilidades socioemocionais.
Aprender a conhecer: é o interesse em buscar o conhecimento, manter-se atualizado. Vê-se necessário manter em alta essa habilidade em tempos onde a tecnologia entrega tudo pronto.
Aprender a fazer: é colocar em prática os aprendizados, aperfeiçoando-os com as atualidades.
Aprender a conviver: em uma sociedade interativa, é necessário desenvolver a percepção, o respeito e saber argumentar sua opinião sem entrar em conflitos.
Aprender a ser: desenvolver o pensamento crítico, ser autônomo e estar aberto para conhecimentos novos.
Para facilitar essa busca pelo desenvolvimento da criança em sua plenitude pela Educação Emocional, Daniel Goleman, escritor renomado, psicólogo, jornalista científico nos Estados Unidos apresenta cinco aspectos centrais:
Autoconhecimento: identificar e lidar com suas próprias emoções e limitações, quanto mais consciente estivermos acerca de nossas emoções, mais facilmente entenderemos o sentimento de outra pessoa;
Consciência social: reconhecer que o outro também tem sentimentos, pensamentos e expectativas (empatia);
Tomadas de decisões responsáveis: identificar, analisar, refletir e ter habilidades para solucionar um problema por meio de atitudes éticas e construtivas;
Habilidade de relacionamentos: relações interpessoais saudáveis e;
Autocontrole: aprender a controlar suas emoções, sentindo, respirando e pensando sobre como solucionar sem a intensidade da emoção.
Algumas práticas em sala de aula podem ser facilitadoras, como jogos cooperativos que acrescentam muito nessa conquista, pois, trabalham o grupo, desenvolvendo estratégias e ensinando a lidar com as perdas e frustações.
Um ambiente dinâmico onde há interação entre professor e aluno e entre aluno e aluno, propicia respeito com as diferentes opiniões, ensinando o aprendiz a ser um bom ouvinte, fazendo com que se sinta acolhido, respeitado e que tenha uma maior autoestima.
A experiência da autoavaliação com o intuito de buscar uma melhor versão dentro de si, buscando a concentração e equilíbrio interior e estados de espírito positivos, enquanto duram, aumentam a capacidade de pensar com flexibilidade e mais complexidade, tornando assim mais fácil a resolução dos conflitos.
Apresentar as emoções através de livros, filmes, buscar formas lúdicas como a confecção de um termômetro dos sentimentos, “emociometro”, colocando os sentimentos base, que a cada dia se faz a referência para a criança pensar sobre o que está sentindo e relacionar que pensamentos tem reações que precisam ser repensadas antes das atitudes.
Desenvolver atividades que envolvam interpretar emoções através de expressões faciais e corporais, dramatizações, apresentação de peças teatrais, dança, música e até mesmo brincar de mímica para compreensão da empatia e buscar formas positivas de auxiliar o outro.
Para trabalhar o autocontrole e a ludicidade faça como o pedestre no semáforo, se o sinal estiver vermelho (Pare e se acalme), amarelo (verifique seu sentimento, pense em soluções construtivas para tentar prever consequências), verde (siga com o melhor plano). Além de técnicas de relaxamento, como Mindfulness que evita o stress, trabalhe o conhecimento e controle da respiração, meditação entre outras.
Os educadores de modo geral, necessitam de conhecimentos e habilidades desenvolvidas para aplicar todos esses ensinamentos, uma vez que servem também para lidar com seus próprios sentimentos, procurando por reciclagens em treinamentos, leituras, cursos e outros, porque é importante dar bons exemplos de atitudes e servir de referências para muitas crianças com comportamentos positivos além de ensinar e incentivar, gera segurança e conforto para os aprendizes.
Sobre a autora
Sabrina Mader Ribeiro é Professora do Colégio Santa Amália – Unidade Saúde, em São Paulo, instituição mantenedora da Liga Solidária.
Sobre a Liga
A Liga Solidária, fundada em 1923 como Liga das Senhoras Católicas de São Paulo, é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos. A Liga desenvolve programas de educação, longevidade e cidadania para cerca de 13 mil crianças, adolescentes, adultos e idosos em situação de alta vulnerabilidade.
Matéria: Denio Maues/ Comuniquese1 e SAX Comunicação