Ex-ministro da Fazenda e atual chefe da pasta e do Planejamento no Estado de São Paulo, Henrique Meirelles afirmou que a economia do Brasil pode sofrer grave abalo com a pandemia do novo coronavírus. Para ele, a situação pode se assemelhar ou ser até mesmo pior do que em 1929, quando a economia mundial entrou em colapso e tem como marco referencial a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque.
“Aquela quebra da bolsa americana, a grande depressão, foi uma coisa brutal, mas temos números de alguns países que podem se aproximar disso ou superar. É o caso dos EUA, há uma previsão de taxa de desemprego de pouco menos de 4% e estava indo a 20% na verdade. Um aumento brutal. Isso mostra que pode chegar lá. Temos de fato um problema gravíssimo. […] É possível que seja algo igual ou pior que a depressão de 29, mas não é o que se prevê no momento. Mas pode piorar”, apontou, em entrevista.
Meirelles afirmou, no entanto, que a crise não é causada pela quarentena, mas, sim, pela pandemia. Ele cita o exemplo da Suécia, que demorou de aderir ao isolamento, mas prevê uma queda brusca do Produto Interno Bruto (PIB). “A suécia tem um padrão de vida altíssimo, onde as pessoas moram muito bem, não têm comunidades, moram em cômodos grandes, em espaços separados e não têm famílias grandes, em alto padrão de vida. A autoridade sanitária da Suécia disse que é diferente, que o sueco tem discernimento e que cada um faria o que bem entender. A doença cresceu, cresceu muito e isso gerou impacto, a população ficou com medo. A previsão de queda do PIB sueco é de 12%. É brutal, sem quarentena e nem nada, só pandemia. A média da Europa, mesmo com Itália no meio, é de 7 a 7,5% de queda. Isso mostra que esse dilema de economia versus pandemia não existe. No primeiro momento sim, se avalia que fazendo a quarentena piora a economia. Mas em um segundo momento, a pandemia vai piorar, isto é que o que causa crise é a pandemia e não as medidas de combate”, analisou.
Redação: Metro1 | Reportagem: Rádio Metrópole