O vereador de São Paulo Fernando Holiday (DEM) propôs, em projeto de lei, que a mulher que engravidou após um estupro seja submetida a várias medidas antes de decidir pelo aborto legal. Entre as condições, está obrigar a vítima de violência sexual a ouvir o coração do feto. No Brasil, o abortamento é permitido nos casos autorizados pela Constituição (risco de morte para a gestante e estupro) ou pelo Supremo Tribunal Federal (fetos anencéfalos).
O projeto ainda propõe só permitir o aborto nos casos legais depois da emissão de um “alvará judiciário”, impor atendimento psicológico para dissuadir a decisão de abortar e obrigar a gestante a passar por atendimento religioso. O projeto chocou especialistas em aborto legal. Para a psicóloga Daniela Pedroso, do GEA (Grupo de Estudos sobre Aborto), o projeto de lei “perpetua a violência sofrida por essas mulheres e pode ser comparado a uma tortura”.
“Como é que você coloca uma mulher para ouvir o coração de um feto fruto de um estupro? A mulher que engravida de um estuprador sente essa gestação como uma segunda violência. Você não pode obrigar essa mulher a ouvir o coração do feto”, questionou.
Segundo a psicóloga, o projeto fere o código de ética profissional ao obrigar a mulher que tem direito ao aborto legal a passar por “atendimento psicológico com vistas a dissuadi-la da ideia de realizar o abortamento”.
Redação: Metro1 | Fonte: BuzzFeed News Brasil