Desde 2015, os 400 moradores do Córrego do Feijão, que fica perto de Brumadinho, não viam um enterro de alguém que vivia na pequena comunidade rural. Com o rompimento da barragem da mineradora Vale, são vários todos os dias. A abertura de mais covas é feita às pressas para realização dos sepultamentos no vilarejo, um dos mais atingidos pela tragédia.
Um deles foi Alzira Maia, que enterrou o corpo de sua filha Cristina Cruz, que trabalhava na pousada soterrada pela onda de lama de rejeitos. “A minha esperança é que ela podia ter fugido. Não era a hora dela ainda”, conta. “Pelo menos ela teve um enterro digno”, diz. Cristina trabalhava na pousada há mais de dez anos e tinha uma filha e um filho.
O aposentado Wilson Caetano, 64 anos, fica sempre no local aguardando por informações sobre seu filho, o mecânico de manutenção Luiz Paulo Caetano, 31 anos, que prestava serviços pra Vale e estava trabalhando no momento que a barragem se rompeu. “Eu quero meu filho com vida. Eles não querem entregar nem meu filho morto”, diz.
Wilson Caetano relembra que o filho tomava café na casa dos pais e “brincava com a mãe” antes de sair para o trabalho. O mecânico tinha se casado em novembro do ano passado. O aposentado relata não ter mais sossego desde a perda do filho.
Os bombeiros iniciaram neste domingo (03/02) o décimo dia de buscas por vítimas do rompimento da barragem Mina Córrego do Feijão. De acordo com o balanço mais recente divulgado pela Defesa Civil de Minas Gerais, 395 pessoas foram localizadas pelas equipes de buscas, 226 continuam desaparecidas e 121 morreram.
Editado por Tribuna do Recôncavo | Fonte: Bahia.ba