Por Záfya Tomaz
Desde os primórdios da humanidade, a sociedade enfrenta crises que vêm mudando a conjuntura social e econômica de todos os países, ano após ano. Atualmente, o mundo enfrenta a instabilidade causada pela covid-19, o coronavírus.
Para enfrentar a pandemia, gestores dos cinco continentes tem adotado regras para frear a propagação do vírus. Em Salinas da Margarida, no recôncavo baiano, o prefeito Wilson Pedreira (PSD) também aderiu à maioria das ações seguidas pelo restante do Brasil, com base no que diz a Organização Mundial da Saúde (OMS). Todavia, uma dessas medidas, que não está sendo adotada em grande parte do país, tem chamado a atenção: o isolamento territorial da cidade.
Através de um decreto, publicado no Diário Oficial da Prefeitura, foi determinada a implantação de uma barreira sanitária, que suspende entrada e circulação na cidade de qualquer transporte coletivo, público, privado, rodoviário, na modalidade regular, fretamento, complementar, alternativo e de vans, bem como carros de passeio, que tenham origem em outros municípios.
De acordo com a prefeitura, apesar de ainda não ter casos confirmados nem suspeitos da doença, o isolamento da cidade acontece justamente no intuito de evitar que o vírus chegue ao município, trazendo transtornos para os moradores de Salinas e seus distritos: Centro, Encarnação, Porto da Telha, Conceição, Cairu e Barra do Paraguaçu.
A ação tem dividido a opinião dos moradores. Gerente de uma loja de eletrodoméstico, Elizana Santos considera a barreira como um ponto positivo. Apesar disso, a moradora, nascida e criada no município, estima o prejuízo de cerca de 70% no estabelecimento em que trabalha.
Taxista há sete anos, Joilson Monteiro tem tido dificuldades para manter o sustento de sua família. O decreto publicado pela prefeitura atingiu especialmente a sua categoria. Ficou definido que os motoristas que desenvolvem as suas atividades no município devem, obrigatoriamente, transportar os passageiros com máscara, ficando estabelecido o número máximo de duas pessoas por corrida realizada. “A gente não tem como fornecer máscara e luvas para todos os clientes, fica difícil. Além disso, só podemos rodar aqui dentro por conta da barreira, não dá pra fazer corridas para outras cidades. Essas eram as que davam mais dinheiro”, reclama.
Segundo a prefeitura, essa é uma medida de prevenção e controle no enfrentamento da covid-19. “Estamos levando em consideração que em alguns municípios vizinhos já existem casos confirmados da doença”, pontua. Durante entrevista à nossa reportagem, a gestão do município esclareceu que moradores têm o acesso garantido, bem como o direito de ir e vir para resolver assuntos de extrema relevância, tais como, idas ao médico e banco. Além disso, também está mantido o trânsito de veículos responsáveis pelo abastecimento da cidade. “Antes de entrar nos limites do município, as pessoas que prestam esses serviços são submetidas a uma avaliação e aferição de temperatura, realizada pela equipe de saúde e vigilância sanitária responsável”, esclarece a prefeitura.
A medida, publicada inicialmente no dia 20 de março, tinha vigência de um mês. Todavia, devido ao avanço da pandemia no estado, a prefeitura decidiu manter essa e outras ações até o próximo dia 3 de maio, inicialmente.
A eficácia e necessidade de medidas mais drásticas, como o isolamento territorial, tem sido alvo de discussões em diversos setores. São inúmeras as tentativas e intervenções, por parte dos gestores, na tentativa de fazer com que a população não sinta ainda mais os efeitos da pandemia. Dessa forma, é necessária a conscientização de que este isolamento pode ser uma maneira de evitar o agravamento da situação e sofrimentos futuros. Espera-se que, muito em breve, quando este vírus for controlado, todos possam voltar a circular e confraternizar, superando todas as barreiras, territoriais, sociais e emocionais.
*Matéria feita com exclusividade para o site Tribuna do Recôncavo
Sobre a autora:
Graduada em Jornalismo pela Universidade Salvador, a Jornalista Zafya Tomaz possui Curso de Análise de Redes em Mídias Sociais pela Laureate Internacional Universities, além de Curso Livre em Comunicação pela Escola Metrópole de Comunicação.