O maior centro oleiro da América Latina, Maragogipinho, distrito de Aratuípe (BA), ganhará um evento anual para dar visibilidade à produção de mestras, mestres, artesãs e artesãos. A primeira edição do Festival da Cerâmica Maragogipinho será de 14 a 19 de novembro, com espaços para comercialização e exposição de peças artesanais, programação musical e cultural, experiências gastronômicas, além de rodada de negócio, painéis e oficinas de capacitação e caravana de cadastramento de artesãs e artesãos. O lançamento acontece nesta sexta-feira (20/10), às 8h30, na Casa Artesanato da Bahia, Largo do Porto da Barra, 02 – Barra – Salvador.
Um marco para a comunidade de Maragogipinho, o Festival da Cerâmica entra para o calendário cultural da Bahia. A ideia de criar um evento oficial tem como principal objetivo apoiar os artesãos, proporcionando um espaço direto para a venda de seus produtos, além de fomentar o turismo, atrair compradores e contribuir para o desenvolvimento cultural e econômico da cidade.
“É um evento muito importante para o fortalecimento na divulgação e comercialização de nosso artesanato de Maragogipinho. Sempre procurei manter vivo a nossa cultura e tradição porque como mestre artesão será um prazer muito grande poder contribuir com o meu trabalho e minha arte neste grande Festival. Agradeço ao Artesanato da Bahia pelo carinho com a nossa cidade, sempre ajudando a manter e levar em frente essa tradição e parabenizo a Prefeitura de Aratuípe por essa iniciativa”, comemora o mestre artesão RosalvoSantana.
Na feira, lojas e nas olarias, os visitantes poderão adquirir peças decorativas e utilitárias, com destaque para as louças de barro, potes, talhas, boi-bilhas, panelas, vasos, pratos, corbélias, esculturas e moringas, entre outros.
São características marcantes da cerâmica de Maragogipinho os desenhos de influências indígenas, geométricas e florais, criados pela pintura artesanal em tauá, pigmento natural de argila em vermelho, e tabatinga, de tom branco.
“O Festival da Cerâmica Maragogipinho será um grande evento que visa promover e apresentar para a Bahia, o Brasil e o mundo, aquela localidade que é reconhecida pela UNESCO como o maior centro cerâmico da América Latina. Quem for terá a oportunidade de ser brindado com grandes atrações musicais, festival gastronômico e com uma experiência única em um lugar rico culturalmente”, afirma WeslenMoreira, coordenador de Fomento ao Artesanato da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre).
Durante o festival estará disponível um mapa com informações sobre as olarias e a rica produção de cerâmica da região, que poderá ser acessado por meio de um QR code. Uma iniciativa inovadora que contribuirá para a divulgação do artesanato local, destacando a diversidade de estilos e técnicas disponíveis.
O Festival da Cerâmica Maragogipinho é uma iniciativa do Governo da Bahia por meio do Programa Artesanato da Bahia da Setre em parceria com as Secretarias da Cultura (Secult) e Turismo (Setur), Prefeitura de Aratuípe e Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
“A realização deste festival é, antes de tudo, a realização de um sonho da comunidade que sente pela primeira vez um grande reconhecimento da importância da atividade ceramista de Maragogipinho. A cidade é um espaço inigualável, sob o ponto de vista da grande quantidade e variedade de produtos em cerâmica que são fabricados ali. É uma cultura com mais de 200 anos de história de uma comunidade que vive basicamente da sua relação com a produção da arte ceramista. Parabenizo o Governo do Estado por essa sensibilidade de valorizar um espaço que não tem igual em nenhuma outra região do estado”, comenta Antônio Marcos Araújo, prefeito de Aratuípe.
MARAGOGIPINHO
Distante 71 km de Salvador pela BR-101, o famoso distrito de Aratuípe tem uma população aproximada de três mil habitantes (dados de 2010), a maioria composta por artesãos da cerâmica. As dezenas de olarias locais são responsáveis pela grande produção de cerâmica, uma herança familiar que atravessa gerações. Utilizada desde o século XVIII, a modelagem manual ganhou técnicas mais avançadas com a utilização de tornos manuais e elétricos, e moldes.
Texto: Jamil Moreira.