Os gastos com cartões corporativos da gestão de Jair Bolsonaro, em 2022, podem ser maiores do que o divulgado, segundo o jornalista Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência “Fiquem Sabendo”. Em entrevista a Natuza Nery para o podcast O Assunto, Toledo afirmou que há dados incompletos nas planilhas divulgadas.
A agência “Fiquem Sabendo” identificou os gastos disponibilizados pela Secretaria-Geral da Presidência da República no início de janeiro. Toledo disse que os dados “não batem” com o que consta no Portal da Transparência. Apesar de não detalhar as compras com o cartão corporativo, o Portal da Transparência informa um gasto maior do que o que foi divulgado na última semana.
“Os dados divulgados na semana passada pelo governo federal falam em R$ 4 milhões gastos no cartão corporativo da Presidência em 2022, enquanto os que estão no Portal da Transparência falam em R$ 22 milhões”, afirmou.
Para o jornalista, a diferença nos gastos deixou vários questionamentos. Entre eles, se os dados divulgados são apenas do presidente ou se englobam outros órgãos.
“Se a gente não tiver os dados completos, a comparação fica equivocada. A gente sabe, por exemplo, que está faltando divulgar os gastos com o exterior. Muitas viagens para o exterior não aparecem na planilha.”
Toledo disse ainda que é fundamental que sejam divulgadas as notas fiscais das compras feitas com o cartão corporativo, para que se saiba exatamente o que os agentes públicos compraram em cada estabelecimento.
Sigilo
Luiz Fernando Toledo lembrou também que os gastos com cartão corporativo da Presidência ficam sob sigilo até o fim do mandato de quem está ocupando o cargo, o que é diferente do sigilo de 100 anos colocado sobre várias informações durante o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o jornalista, o sigilo sobre o cartão corporativo existe por uma questão de segurança do próprio presidente, já que seria possível identificar um padrão de compras e locais frequentados pelo mandatário.
No entanto, apesar de ser previsto em lei, Toledo defende que o sigilo seja uma exceção e que haja um debate para que os gastos sejam mais transparentes.
G1