Por Fernanda Madeiro – otorrinolaringologista
Mais de 1 bilhão de pessoas com idade entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição prolongada e excessiva a música alta e outros sons recreativos. Essa afirmação alarmante foi feita recentemente pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que estima que um quarto da população global, ou seja, o equivalente a cerca de dois bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva até 2050. São números impressionantes não é mesmo?
É por isso, que gostaria de aproveitar o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, celebrado no dia 10 de novembro, para chamar a atenção de toda a sociedade sobre a importância e o impacto da surdez na qualidade de vida, no desenvolvimento acadêmico e nas relações de trabalho de todos nós.
Obviamente, sabemos que a surdez tem diferentes graus, tipos e que pode ser de caráter congênito. Porém, em cerca de 60% dos casos, a perda auditiva pode ser evitada quando se trabalha com prevenção e tratamento. A exposição a sons altos pode causar perda auditiva temporária ou zumbido. Porém quando a exposição é prolongada ou repetida ela pode levar a danos permanentes, ou seja, uma perda irreversível da capacidade de ouvir.
Falando em prevenção, há pequenas medidas que podem nos ajudar a proteger o funcionamento pleno do nosso sistema auditivo: manter o volume baixo em dispositivos de áudio pessoais, com fones de ouvido bem ajustados e, se possível, com cancelamento de ruído; o uso de tampões de ouvido ou equipamentos de EPI adequados em locais barulhentos e a realização de check-ups auditivos regulares.
Além disso, vale uma atenção especial à realização do teste da orelhinha em recém-nascidos, afinal, crianças que nascem com perda auditiva ou desenvolvem perda auditiva nos primeiros anos de vida não conseguem desenvolver a fala. Antigamente, crianças nessa condição eram chamadas de “surdas-mudas” – porém, a mudez não surge porque a pessoa não consegue falar, e sim porque a criança não escuta outras pessoas falarem. Nos primeiros anos de vida, quando ela está aprendendo a se comunicar, isso tem um impacto gigantesco em seu desenvolvimento. Logo, se ela não escuta, ela não fala. Aí reside a importância da prevenção e do diagnóstico precoce, que podem mudar o curso de vida dessas crianças.
Graças ao avanço da medicina e da tecnologia, hoje os aparelhos auditivos são de fácil adaptação e possuem opções de conectividade. Nos casos severos ou profundos de perda auditiva neurossensorial, que não tiveram respostas satisfatórias com o uso de aparelhos auditivos convencionais, existe ainda a alternativa do implante coclear.
Apesar dos avanços e da modernidade no tratamento o melhor caminho ainda é a prevenção. Por isso, precisamos continuar esta luta pela educação e conscientização. Acredite: é melhor prevenir do que remediar.
Sobre a autora
Dra. Fernanda Madeiro é médica otorrinolaringologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro, a Unisa.