Por Jocinere Soares
As estatísticas têm mostrado que o número de pessoas com depressão e pensamentos suicidas vem crescendo assustadoramente, sobretudo no Brasil e esse índice é muito grande entre os jovens. E a pergunta que sempre surge é: O que está acontecendo com os jovens? Essa realidade está distante de nós, só vemos nas reportagens, nos noticiários? e a resposta é não. Essa realidade está a nossa volta, em todos os lugares.
O número de jovens que estão em conflitos interiores é muito grande e essa realidade vem desencadear também nas escolas. É lá que alguns alunos/ jovens pedem socorro. E nós, profissionais da educação, não podemos ignorar por exemplo quando vemos um aluno cabisbaixo, tristonho ou com sinais de automutilação. Uma simples palavra, um abraço, o ouvir, podem reverter a cena.
Atuando como psicopedagogoga institucional numa escola da rede municipal de Santo Antonio de Jesus, pude comprovar a carência afetiva em que muitos jovens se encontram, iam em busca da psicóloga, mas devido à urgência não poderiam esperar os próximos dias. Quando paramos para ouvir são relatos que geralmente estão relacionados à carência afetiva familiar – pais que não dialogam com seus filhos; já não têm tempo devido à correria do dia a dia ou até culpam pelo relacionamento mal sucedido e no entanto gerou um fruto: um(a)filho(a) e isso desencadeia na mente dos jovens conflitos que levam à automutilação, a pensamentos suicidas.
Quando paramos para ouvir o relato de uma criança com 11/12 anos com pensamentos suicidas, braços automutilados é assustador. E a pergunta: seus pais sabem, já viram? / e a resposta: “eles não se importam comigo.”, dentre outras respostas seguidas de choro.
Logicamente que conflito familiar não é a única causa dos males que tem acometido os jovens, os fatores são diversos: a influência das redes sociais “os amigos virtuais”, que acabam substituindo o convívio social; o isolamento social; não saber lidar com as frustrações, com as perdas, baixa autoestima, etc.
Se faz necessário que os pais voltem mais o olhar para seus filhos, analisem o que eles estão assistindo, quem são seus amigos reais ou virtuais; dialoguem em família; tenham momentos de lazer em família; vá até a escola para saber como está a vida escolar de seu filho. Pais presentes fazem a diferença na vida de seus filhos. E estejam atentos aos seus filhos. Há jovens que pedem socorro e os pais não estão percebendo. Realidade assustadora.
Jovens que se automutilam estão sinalizando conflitos internos; jovens com sintomas depressivos estão sinalizando que precisam de ajuda e essa ajuda as vezes é preciso a atuação de um profissional: psicólogo/ psiquiatra- profissionais que tratam das questões do psicológico/mente.
Segundo pesquisas boa parte dos jovens que se suicidam está relacionada à depressão e eles geralmente emitem sinais nas falas de maneira contínua, como “ não quer mais viver”, “a vida perdeu o sentido”; “dormir para nunca mais acordar”, etc.
É necessário a prevenção, a informação. Uma mão estendida, uma palavra amiga, pode ajudar muito a salvar uma vida e convencê-la a buscar ajuda profissional!
Sobre a autora:
Jocinere Soares – colunista do Tribuna do Recôncavo, é pedagoga, pós graduada em psicopedagogia clínica e institucional e graduada em matemática.
Artigo produzido com exclusividade para o Tribuna do Recôncavo