Um homem negro foi espancado e morto por dois homens brancos no supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na noite de quinta-feira, dia 19, véspera do Dia da Consciência Negra. A vítima foi João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos.
De acordo com o MPT – Ministério Público do Trabalho, nenhuma conduta por parte da vítima justifica as agressões que foram praticadas por empregados encarregados da vigilância privada do hipermercado.
“O episódio demonstra, mais uma vez, o viés racista da abordagem da segurança privada em nosso país, que acumula casos de violência reiterados, em que a cor das vítimas é uma constante”.
Segundo o MPT, a naturalização da violência contra a população negra e a indiferença das pessoas que assistiam às agressões e que deliberadamente não intervieram para fazer cessar os golpes, reforçam a gravidade do ocorrido.
“A existência do racismo estrutural em nossa sociedade requer a atuação proativa de todos os atores sociais (empresas, sindicatos, órgãos públicos e trabalhadores) para a superação da desigualdade racial por meio de ações e medidas antirracistas. Esperamos que o simbolismo da data de hoje inspire a sociedade brasileira a superar as marcas do racismo estrutural para a construção de uma sociedade mais fraterna, igualitária e sem preconceitos, como previsto no preâmbulo da Constituição da República de 1988”.
Sobre os suspeitos
Os dois suspeitos tiveram prisão preventiva decretada. O policial militar Giovani Gaspar da Silva, de 24 anos, foi levado para um presídio militar. Magno Braz Borges, de 30 anos, segurança da loja, está em um prédio da Polícia Civil. A investigação trata o crime como homicídio qualificado.
O advogado de Magno Braz, William Vacari Freitas, disse que não vai se posicionar sobre o caso, no momento. Já o advogado de Giovane Gaspar da Silva, David Leal, diz que o cliente afirma ter levado um soco da vítima, e afirma ter admitido que “se excedeu”.
De acordo com a Polícia Federal (PF), Giovani não possuía o registro nacional para atuar como segurança. O segundo homem tinha o documento registrado (que, agora, foi suspenso).
Ambos são funcionários de uma empresa terceirizada, a Vector Segurança. Em nota, a empresa disse que “se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência” e “iniciou os procedimentos para apuração interna”
Editado pelo Tribuna do Recôncavo | Fontes: Metro1 e G1