O Vaticano reconheceu o segundo milagre atribuído à ‘Mãe dos Pobres’ (um homem curado da cegueira), no dia 14 último, fazendo com que o fluxo de visitantes às Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) crescesse 220% em apenas duas semanas. Tendo em vista que o turista religioso é considerado ‘o mais fiel’, o trade turístico trabalha para fixar uma data ou período anual oficial de romaria em homenagem à primeira santa nascida no Brasil.
“Nós queremos, assim que saía a canonização, que a Igreja Católica, junto com as OSID, defina uma data para romaria. O turismo religioso é perene. Esses turistas não vêm em datas específicas, vêm o ano todo. Nós sugerimos o mês de maio, porque é a data do aniversário de Irmã Dulce e a data em que ela foi beatificada, mas soubemos que, normalmente, a Igreja Católica define o dia sagrado pelo dia da morte”, disse ao bahia.ba o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), Silvio Pessoa.
Na semana passada, representantes do trade chegaram a se reunir, em encontro promovido pelo Conselho Baiano de Turismo (CBTur), para debater o tema. Outras reuniões devem acontecer até julho, quando deve ocorrer o consistório, evento no qual o Papa Francisco anuncia o reconhecimento de novos santos e também deverá informar a data de canonização de Irmã Dulce.
“Todo destino religioso, de peregrinação – como Aparecida, Lapa ou Fátima [Portugal] – tem sempre uma data ápice, maior, onde é a grande celebração anual. A gente brinca que esse é o turista mais fiel. Estamos defendendo em maio, mas quem vai definir é a Igreja Católica e a OSID”, explica o presidente do CBTur e também da Salvador Destination, Roberto Duran.
Segundo ele, seria uma semana em maio destinada exclusivamente para os visitantes devotos da Santa Dulce dos Pobres, sendo encerrada com uma romaria desde a Igreja de Santo Antônio Além do Carmo até a Basílica do Senhor do Bonfim, passando pelo santuário de Irmã Dulce, no Largo de Roma, como parte do Projeto ‘Caminho da Fé’ – que vai ligar o Bonfim ao Santuário dedicado à santa.
Um dos segmentos mais promissores, o turismo religioso movimentou, entre festas e romarias, cerca de R$ 15 milhões no Brasil em 2017. De acordo com levantamento do Sebrae, ao todo são 350 santuários e mais 11,3 mil paróquias no país, sendo 327 destes templos situados somente em Salvador.
Salvador está entre os destinos mais visitados pelos peregrinos
A capital baiana é a única cidade onde estão enterradas duas beatas: Dulce dos Pobres e Lindalva Justos. Somados a tantos outros aspectos, a cidade é por si um grande destino de turismo religioso, e está entre os destinos mais visitados do país pelos peregrinos, tendo como destaque a Lavagem do Bonfim e o Santuário de Irmã Dulce.
“É uma cidade que tem tradições e festas religiosas, que tem tudo. Muitas cidades hoje no Brasil, justamente por reconhecer a importância do turismo religioso, estão construindo atrativos. Nós já temos todos. E olha que nem estamos falando do turismo cultural, em igrejas, que é o caso do Centro Histórico. O turismo religioso é ligado a religião. Temos atrativos de pelo menos três ou quatro dias para o turista religioso, isso sem falar da ida, por exemplo, à Cidade Santa, visita a Candeias, Cachoeira, que daria um bate-volta”, analisa o padre Manoel Filho, coordenador local e nacional da Pastoral do Turismo (Pastur).
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