Ao lançar sua primeira obra não ficcional, a escritora mais animada do país, Thalita Rebouças, estreou no primeiro dia de programação no espaço Geração Flica, lotando o Cine Theatro Cachoeirano e provando que sua escrita conecta diversas gerações. Com o tema ‘Livros que atravessam gerações’, a escritora, que é uma referência para o público infantojuvenil, começou dizendo que a decisão de se tornar escritora não foi bem uma decisão, mas algo que simplesmente aconteceu. ‘Eu precisei gritar bem alto e dizer: ‘Eu sou escritora’. Mas, no início, eu passava todos os sábados e domingos nas livrarias, batendo na porta e oferecendo um pirulito em forma de coração, aproveitando para vender meu livro. E foi assim que tudo começou’.
Com mais de 20 livros publicados, a escritora defende que, mesmo com uma geração hiperconectada e com mais tempo de telas, não existe concorrência quando o livro é bom. ‘Quando o livro prende, não há tela. Você nem lembra, sabe, que aquilo existe. Quantas pessoas falam para mim: ‘Fiquei horas lendo teu livro’. Mães que dizem: ‘Pô, meu filho estava rindo de madrugada, quando abri a porta para dar bronca, ele não estava vendo nada de vídeos no YouTube, ele estava lendo seu livro’. Então, eu acho que, quando essa mágica acontece, o livro tem esse poder’.
Ao ser questionada sobre a importância de abordar temas sensíveis como menopausa, separação e etarismo no livro Felicidade Inegociável e Outras Rimas, Thalita Rebouças argumenta que boa parte de seu público não está passando por essa fase, mas ela acredita que tem um papel importante nesse processo de tomada de consciência. ‘Primeiro que eu acho que acabo preparando elas. Porque ninguém me preparou, ninguém me disse como seria. Até porque ninguém falava sobre isso, né? Hoje em dia se fala sobre tudo. Então, eu quero falar para as mulheres como é. E que não vai ser fácil. Eu encaro o envelhecimento, o amadurecimento, como uma segunda adolescência’.
Ao falar sobre o significado do trecho do livro “o sorriso não tem idade e é sozinha que a gente aprende a se amar de verdade”, a escritora carioca revelou que essa felicidade inegociável a que se refere no título é a paz. ‘Acho, de verdade, que só entendi o significado de paz depois dos 45 anos. A gente deseja tanta paz, luz e tal, e eu só entendi o que é paz quando a tive de verdade. E isso inclui o que estou falando aqui, de não ligar para o que os outros dizem, de conseguir cortar relacionamentos tóxicos’.
Thalita Rebouças aproveitou o espaço e o público presente para incentivar novos talentos. ‘Não tenham medo, escritores, de se venderem. Eu dizia isso, gente, eu dizia isso. Vai que eu tenho uma fila em zig-zag amanhã… E hoje eu tenho uma fila em zig-zag. Então, isso foi muito por acreditar em mim. O que eu digo para todos vocês que escrevem é: acreditem em vocês. Porque, quando a gente acredita na gente, o outro presta atenção’.