A primeira Copa de Atletismo para Jovens Privados de Liberdade foi aberta neste sábado (09/02), no Estádio Governador Roberto Santos (Pituaçu), em Salvador, com a participação de 64 adolescentes que cumprem medida de internação das Comunidades de Atendimento Socioeducativo (Cases), da Fundação da Criança e do Adolescente (Fundac). A primeira etapa da copa termina neste domingo (10).
Com apoio da Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb), a iniciativa tem como objetivo promover o desenvolvimento integral dos adolescentes para a formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, além de democratizar o acesso à prática do atletismo como instrumento educacional.
A diretora adjunta da Fundac, Fabiana Buriti, informa que todas as unidades, além das atividades educativas e profissionalizantes, têm atividades ligadas ao esporte. “Temos educadores físicos e uma coordenação geral, que está promovendo uma atividade de integração das seis unidades da Fundac, uma feminina e cinco masculinas. Essa é a nossa primeira copa. Este ano serão quatro grandes eventos esportivos. Teremos ainda um torneio de natação, os jogos abertos da juventude e o Intercases, que é um torneio de futebol que já foi realizado no ano passado”.
Ressocializar também através do esporte
Segundo Fabiana, “a ideia é que seja possível integrar e ressocializar também através do esporte, que é uma forma de educação para os nossos adolescentes, por meio do qual eles aprendem não apenas a parte de convivência e socialização, mas também de disciplina, cooperação, solidariedade, não apenas competição, desempenho e rendimento. O esporte proporciona o exercício de valores que eles aprendem durante o período em que estão cumprindo a medida socioeducativa”.
Fabiana avalia que é necessário que haja momentos como a Copa para que as pessoas entendam que a socioeducação é um processo de responsabilização dos jovens. “Os jovens podem ser privados de liberdade a partir dos 12 anos de idade. É uma falácia dizer que a redução da maioridade penal é a solução, o adolescente não é o responsável pelas questões de violência que estão aí postas na sociedade e não pode ser o único a ser responsabilizado”, opinou.
TESTEMUNHOS DO INTERNOS:
N.S., de 17 anos, está há um ano e meio cumprindo medida socioeducativa. “O esporte é uma coisa boa para nós. No Case a gente joga capoeira, joga bola. Quem está de fora acha que a medida socioeducativa não surte efeito, mas surte sim. É uma nova oportunidade para a gente, eu já fiz curso de culinária, costura, artesanato, cabeleireiro, artesanato, lançamos um jornal e quando sair pretendo fazer uma faculdade de comunicação”.
R.B., 18 anos, está há cinco meses na Fundac. “A gente está vivendo esta medida socioeducativa e o esporte traz uma nova esperança para nós. A gente sabe que cometeu um ato infracional e agora temos a possibilidade de ser outra pessoa através do esporte. Nós praticamos futebol, handebol, vôlei, basquete, e também participamos de atividades artísticas. Podemos dizer que são atividades que estão acrescentando coisas positivas na nossa vida. Estamos fazendo cursos no Senai também, como de informática, e temos metas para 2019”.
Emerson Ferretti, campeão baiano de futebol tanto pelo Bahia quanto pelo Vitória, participou da abertura do evento. “Eu tiro minha história como exemplo, comecei a jogar futebol muito jovem, com 8 anos, e isso mudou minha vida completamente. Tudo o que conquistei, o que eu vivenciei, os lugares que conheci, o esporte que me proporcionou. E eu vi acontecer isso com muitos colegas. E o esporte pode realmente ajudar esses adolescentes, eu desejo sorte para eles, desejo que numa competição dessas a gente possa identificar talentos e dar a eles uma oportunidade de seguirem frente”.
Editado por Tribuna do Recôncavo | Informações: SECOM