O Tribuna do Recôncavo ouviu nesta última quinta-feira (28/02) a estudante Juliana Santos, 25 anos, aluna do 6º semestre do Curso de História da UNEB, em Santo Antônio de Jesus, a qual contou que estava com sua companheira Amanda Maria na Cabana do Churrasco, na madrugada de domingo (24/02), quando foram vítimas de agressão verbal, agressão física e lesbofobia. Confira abaixo o relato de Juliana feito nas redes sociais, que se assemelha ao narrado na entrevista:
1 – Estava no restaurante Cabana do Churrasco, ao lado do espaço do São João [em SAJ], na madrugada do domingo 24.02.19, quando por volta de 1hr Amanda decidiu fumar um cigarro do lado de fora;
2 – Estranhando a demora de Amanda, saí da mesa e fui aonde ela estava, mas fui barrada pelo segurança do estabelecimento, Sérgio Nery. Após dizer que retornaria ao bar em instantes, ele permitiu que eu saísse;
3 – Ao me aproximar de Amanda, notei que um casal de mulheres, com quem ela conversava, detalhava a truculência e agressão física do mesmo segurança Sérgio. Neste momento a PM – solicitada por elas – já estava no local e como já tínhamos passado nosso contato, fui razoavelmente solidária com elas, mas convidei Amanda para voltar ao bar;
4 – O segurança Sérgio Nery nos barrou e segurou, violentamente, o braço de Amanda. Cochichamos que seria melhor voltar à mesa e pensar no que fazer. Contamos o ocorrido a Fernanda, minha amiga, que foi falar com “o dono do estabelecimento’’, segundo o mesmo;
5 – Ao reportarmos o episódio ao proprietário, esbocei a minha indignação. “Vocês costumam agredir seus clientes aqui?”, indaguei. “Não só agredimos, como também os cortamos”, disse ele, o proprietário, fazendo sinal de arma. O mesmo, ainda nos deferiu xingamentos hostis, e ao perceber que nós estávamos ficando exaltadas com a situação, chamei as meninas para sair;
6 – Após sermos agredidas e hostilizadas, nos reunimos para arquitetar nossa ida para casa, quando ouvimos gritos de duas mulheres. [Eram] mais uma mulher, acompanhada por outra mulher, agredida pelo mesmo segurança. Por ser uma delas conhecida, e como já estavam fora do bar, fui até elas;
7 – O segurança Sergio, do alto de sua posição, legitimado pelo seu patrão, se aproximou e ironizou Amanda que, ao retrucá-lo, recebeu um imenso soco na boca. Ela foi arremessada longe, levantou e devolveu a agressão.
8 – Quando eu saí em defesa dela, a resposta dele foi um soco no meu olho. Tudo isso num ambiente pulverizado de polícias.
9 – Machucada, ferida, destratada, me restou um pedido para deixar de lado a queixa e ir para casa, “para não criar mais problemas”, conforme orientou um dos policiais.
10 – O desfecho na delegacia foi uma interminável espera, sob risos (dos policiais) e constrangimento para justificar o que não poderia ser mais explícito: Edemas, sangue e lágrimas. Enquanto isso, um dos nossos algozes (o pior deles, o segurança) foi tratado da maneira esperada: Sob o confortável corporativismo da polícia.
Em entrevista ao Tribuna, Juliana falou que ela não foi ao banheiro do estabelecimento juntamente com sua companheira, como foi divulgado em uma nota emitida pela empresa. “Isso não aconteceu e mesmo que tivesse acontecido, é uma prática de mulheres irem juntas ao banheiro, inclusive por segurança, contra estupro, contra agressão, e contra várias outras coisas… e quando eles alegam que a gente tentou entrar junto ao banheiro isso já revela um pouco do preconceito, ‘um local que estava cercado de pessoas de família‘, como assim, por que nós somos um casal lésbico, nós não somos pessoas de família”?, indagou Juliana.
Ouça a entrevista completa com Juliana no play abaixo:
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