Segundo estudos realizados em países como Estados Unidos, México, Suécia pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), a queda de cabelo vem sendo relatada entre os cinco sintomas mais comuns após a infecção por Covid-19. Acredita-se que a cada quatro pacientes que tiveram a doença, pelo menos um apresenta queda capilar, seja em casos graves, leves ou mesmo assintomáticos.
Observou-se nos diversos estudos sobre o assunto, que na infecção, o próprio coronavírus contribuiria para a liberação de algumas substâncias ligadas à inflamação e reduziria a oxigenação nos tecidos provocando uma inflamação nos folículos pilosos e uma alteração do ciclo capilar, similar a observada em outras viroses, como zika e chikungunya.
“O folículo piloso (“raíz” do cabelo) possui um ciclo de crescimento com três fases. Fase anágena, que é a fase do crescimento do fio que dura de dois a sete anos; fase catágena, de repouso e que dura semanas e fase telógena, que é a fase onde o cabelo cai. Num ciclo capilar normal o fio que cai é automaticamente substituído por um novo. Com a febre alta em alguns casos da infecção, alguns medicamentos utilizados no tratamento da Covid, como os anticoagulantes, somados ao estresse psicológico e isolamento social contribuiriam para aumento da fase telógena do ciclo capilar, e consequente, queda excessiva dos cabelos”, avalia a dermatologista Cibele Tamietti.
Normalmente, pelo ciclo de crescimento normal do fio, desprendem-se do couro cabeludo cerca de 100 a 150 fios por dia. Nos casos pós Covid-19 tem sido observado um aumento de mais de 300 fios por dia, ou seja, mais fios indo da fase anágena (fase de crescimento) para a fase telógena (fase de queda) de forma precoce. É como se fios durassem menos.
“Este distúrbio chama-se eflúvio telógeno e os pacientes observam perda dos fios em tufos volumosos e consequente afinamento dos cabelos. E muitos pacientes que tiveram doença relatam também uma sensibilidade aumentada no couro cabeludo”, reforça a especialista.
A infecção cononavírus pode ser também um gatilho para problemas genéticos relacionados à queda de cabelo, como a alopecia areata e alopecia androgenética (calvície). Ainda não é possível determinar em qual sexo a queda é mais intensa, mas geralmente as mulheres, por apresentarem fios longos, costumam notar a queda com mais facilidade que os homens, além da queda ter um impacto psicológico maior entre as mulheres.
Mas, um tratamento precoce e adequado auxilia na diminuição da queda e na reposição dos fios perdidos. Segundo a médica Cibele Tamietti, ao notar a queda, o paciente deve buscar acompanhamento médico com um dermatologista e tricologista, onde inicialmente é realizado um exame de tricoscopia, (indolor e feito diretamente no couro cabeludo com um aparelho próprio). Além disto é preciso investigar se existem deficiências vitamínicas, anemia ou doenças da tireoide associadas, para iniciar um tratamento, que varia de acordo com o resultado dos exames e inclui loções, xampus, vitaminas, nutracêuticos, medicamentos de uso tópico e/ou oral.
A dermatologista também reforça que, é possível associar tratamentos feitos no consultório, para auxiliar no crescimento capilar, como sessões de Intradermoterapia (Mesoterapia), MMP® (Microinfusão de Medicamentos na Pele), Fotobioestimulação e Fototerapia (LED), Laser (Low Level Laser Therapy – LLLT), Microagulhamento com drug delivery (por roller ou robótico), entre outros.
Para Manoela Fassina, também dermatologista, “a perda dos fios – assim como dor de cabeça, falta de ar e dificuldade de concentração – está relacionada ao que os pesquisadores chamam de Covid-19 persistente, quando os sintomas podem durar semanas e até meses, após o paciente ter contraído o vírus. A queda de cabelo surge num período de até três meses. É essencial não fazer a automedicação e sim o acompanhamento com um profissional, pois isso garante a saúde dos fios e ainda evita o gasto com tratamentos inadequados”, ressalta.
*Cibele Tamietti é dermatologista da Clínica Leger, especialista em tricologia médica e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia).
*A dermatologista Manoela Fassina também atende na Clínica Leger.
Para mais informações, acesse: www.clinicaleger.com.br
Matéria: Verônica Bittencourt Scisinio/ Dona Comunicação