Por Renata Moura Barizon – otorrinolaringologista.
As cirurgias do nariz e da garganta são muito comuns em crianças não só por causa do crescimento excessivo da adenoide e da amígdala, mas também por quadros de infecção. As principais indicações costumam ser por: obstrução da via respiratória, Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono, amigdalites de repetição, abscesso periamigdaliano e amigdalite crônica caseosa (que é quando restos de alimentos ficam acumulados nas amígdalas e acabam causando mau hálito).
Geralmente, o médico indica o procedimento após os 2 anos de idade ou quando está atrapalhando o desenvolvimento da criança e sua qualidade de vida. A adenoide é uma estrutura fisiológica composta por tecido linfoide na parte posterior da garganta e que cresce durante a infância e começa a regredir ao redor dos 8 anos. Quando elas crescem muito, podem causar obstrução da passagem do ar respirado pelo nariz, prejudicando a qualidade de vida da criança.
“A adenoide pode causar ronco e sono agitado e nariz entupido, que faz com que a criança respire de boca aberta, babando, o que atrapalha a qualidade do sono e de vida. Essa criança muitas vezes acorda irritada e cansada, o que influencia no seu aprendizado e crescimento”, diz a otorrinolaringologista Renata Moura Barizon.
As amígdalas são dois órgãos que ficam no fundo da garganta e que também atuam na defesa do organismo, mas que, muitas vezes, podem ser afetados por infecções causadas por micro-organismos, que entram pela boca. Geralmente, esses vírus são transmitidos por tosse, objetos pessoais contaminados, como copos, talheres, escovas de dentes, ou ainda por causa de problemas como o refluxo gastroesofágico.
“Então essa criança vai operar a amigdalite porque tem infecção de repetição dessa amígdala ou porque ela é tão grande que atrapalha a qualidade do sono da criança, fazendo com que ela ronque e, às vezes, tenha apneia”, explica Renata.
Para a médica, o pós-operatório é tranquilo, sendo que a criança pode ter alta no mesmo dia (a depender do horário da cirurgia), precisando apenas ficar afastada cerca de uma semana das atividades, como creche ou escola.
“Também é preciso tomar um remédio para dor ou um antibiótico. Pode-se manter uma alimentação líquida ou pastosa, mas não é obrigatório, pois há muitas crianças com seletividade alimentar.”
A especialista complementa que o ideal é que a criança mastigue bem antes de engolir, ou que consuma alimentos como arroz, feijão, um macarrão bem molinho, carne moída, frango desfiado, sorvete ou gelatina.
“Sempre dê pedaços pequenos para facilitar a mastigação antes de engolir, evitando alimentos cítricos e apimentados”, finaliza.
Dra. Renata Moura Barizon é otorrinolaringologista há 14 anos pela UNIRIO. Atuou por 14 anos como plantonista em clínica de emergência otorrinolaringológica e, atualmente, é coordenadora de otorrinolaringologia da Associação Médica Fluminense. CRM 52797022.
Texto: Lilian Lopes.