Trancoso, em Porto Seguro, no Sul da Bahia, guarda atrativos que encantam baianos e turistas em visita à região. Um deles é a igreja de São João Batista, marco da fé católica desde o século 16. Depois de mais de quatro décadas sem tocar regularmente, o sino da Igrejinha do Quadrado, como é conhecida, voltou a funcionar neste domingo, dia 7.
A ação integra o Projeto de Resgate dos Sinos, idealizado pelo secretário de Turismo da Bahia, Fausto Franco, e visa a devolver o encanto da tradição da liturgia católica, que marca fortemente a cultura do Estado. Segundo Franco, o projeto busca valorizar as igrejas e seus sinos, que constituem um rico patrimônio histórico, digno de fortalecimento como atrativo turístico.
Historiador e assessor especial da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), Rafael Dantas destaca a importância desse símbolo. “As igrejas espalhadas pela Bahia ajudam a contar as histórias de cada região e do seu povo. E os sinos são esse elo entre antigas tradições e sua continuidade em nosso presente”, disse Dantas.
Frei Romão, responsável pela Igreja de São João Batista, ressaltou durante toda a cerimônia religiosa a importância do ato. “Os sinos são um toque, um chamado com Deus”. Em seu discurso, o religioso defendeu a valorização da Igreja de São João Batista para ele. “É um marco da ocupação na região de Porto Seguro”, destacou Romão.
No Projeto de Resgate dos Sinos, o secretário Fausto Franco atua na captação de patrocinadores para arcar com os custos das requalificações, resgatando a tradição do badalar dos sinos e promovendo a valorização da história de cada lugar. No caso de Trancoso, o doador é o empresário Fabiano Balestra, da Vital Properties, que destacou a satisfação em poder ajudar no resgate de um ícone de Trancoso.
O templo é o primeiro do interior da Bahia a ser incluso no Projeto de Resgate dos Sinos. Em Salvador, seis igrejas já tiveram o símbolo litúrgico requalificado e posto em uso regular: Igreja da Ajuda; de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos; de Nossa Senhora da Graça; de Santo Antônio da Barra; de São Domingos de Gusmão; e do Santíssimo Sacramento do Passo.
Sinos
De acordo com o historiador Rafael Dantas, com o passar do tempo, os sinos não só serviram como arautos das funções religiosas ou marcadores de horas, como também ajudaram na sinalização de invasões, incêndios, chegada de personagens ilustres, falecimentos e inaugurações.
“Devido às mudanças nos espaços urbanos, arruinamento de igrejas, advento de novas tecnologias, mau uso ou à própria ação do tempo, aos poucos eles foram silenciados e junto com eles um pedaço de toda uma história”, assinalou Dantas.
Editado pelo Tribuna do Recôncavo | Informações: SETUR