A demografia joga contra nós, e a verdade é que a as sociedades ocidentais estão cada vez mais velhas. A natalidade é cada vez mais baixa, em particular nos lugares mais desenvolvidos, e a esperança de vida é cada vez maior. Isto significa que a percentagem de gente idosa na sociedade é cada vez maior.
Alem dos problemas que isso pode causar no sistema de pensões, ou equilíbrio do mercado de trabalho, outras questões igualmente pertinentes se levantam. Como vão as sociedades lidar com os idosos.
Infelizmente, e ao contrário do que se passava em tempos passados, ou ao contrário do que se passa em sociedades menos desenvolvidos, os idosos são cada vez mais “descartáveis”. Colocamos os nossos idosos em retiros a toda a hora, não temos tempo para eles, nem para olhar por eles. São uma despesa para o nosso lar e um estorvo. Não são cool, os jovens querem ver-se longe deles, deixados nos hospitais ou nas ruas porque seus parentes não os querem mais. É mesmo este o tipo de pensamento e de comportamento que queremos ver na nossa sociedade em respeito aos idosos?
E no fim, ainda mascaramos as coisas com “palavras bonitas”. Há que ser politicamente correto! Não os chamamos de “velhos”, pois velhos são os trapos, diz-se. Como se fizesse muita diferença. O que é pior? Dizer que deixei o meu velho cheio de alegria em minha casa enquanto vim trabalhar, ou que coloquei o meu idoso no lar de idosos, e vou la ve-lo de mês a mês?? Dizemos lar de idosos, quando na verdade, é uma prisão onde “despejamos” os nossos idosos quando não os queremos aturar.
Pois isso tudo está muito errado. Não só temos uma dívida imensa para com as gerações mais velhas. Lembre-se que foram eles que nos criaram em casa, no caso dos nossos pais e familiares, ou foram as pessoas que trabalharam e contribuíram com os seus impostos, para que você pudesse ir à escola ser o jovem que é hoje. Alem disso, idade é experiência de vida. Em muitas sociedades, em particular nas sociedades tribais, os mais velhos são livros vivos e andantes, cheios de sabedoria e de histórias para contar e partilhar com os mais novos.
Este deveria ser o modelo que deveríamos seguir nas nossas sociedades mais evoluídas. Se até os animais “não racionais” chegam a essa conclusão, como não chegamos nós também? Os elefantes seguem as suas matriarcas mais velhas pela sua sabedoria, nos macacos os mais velhos são exemplo para os jovens aprender o uso de ferramentas e de técnicas. Deveria ser esta a forma com que tratamos os nossos velhos. Com o respeito que quem muito deu por nos na sua vida, com respeito pela sua sabedoria, com respeito a tudo o que podemos aprender com eles.
Eles deviam ser os nossos modelos, e não pessoas que tem tanta experiência de vida como nós, e que não sabem muitas das vezes o que a vida é realmente. Não deveríamos ter como modelos aqueles que a única coisa tem para nos oferecer é apenas o especto visual ou o seu “cool”. Mas no entanto, corremos o risco de prestar mais atenção e gastar mais do nosso tempo e do nosso dinheiro com eles, do que com os nossos velho, que muito mais merecem.