Junho é o Mês da Conscientização Mundial do Lipedema, uma doença crônica progressiva confundida com obesidade, pouco conhecida pela classe médica e pela sociedade. Causada pelo acúmulo de gordura em regiões específicas como braços, pernas e quadris, o Lipedema atinge cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil e 10% em todo o mundo. O diretor do Instituto Lipedema Brasil, dr. Fábio Kamamoto, explica o que é e como identificar a doença.
Como identificar
As principais características do Lipedema, que possui quatro estágios, são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões.
A doença foi incluída no Código Internacional de Doenças (CID 11) no início de 2022. Atualmente, há dois tipos de tratamento para o Lipedema, o clínico – com técnicas que amenizam a dor (por meio de dietas anti-inflamatórias e exercícios físicos), e o cirúrgico, que remove as células de gordura por meio da lipoaspiração.
Responsabilidade social
Mesmo com a CID 11 para o Lipedema conquistada este ano, que deverá refletir positivamente para mais conhecimento técnico entre a classe médica, ainda não há tratamento gratuito para esta doença. Inspirado por isso, dr. Fábio idealizou a ONG Movimento Lipedema, localizada na nova sede do Instituto Lipedema Brasil, inaugurada este mês no bairro do Pacaembu, em São Paulo. O foco do trabalho, que será dirigido pela farmacêutica Gabriela Luciana Pereira, será social e direcionado para a população carente.
Dados sobre Lipedema – A realidade no Brasil
Um dos problemas é o diagnóstico equivocado. Segundo estudo recente*, apenas 9% dos médicos estavam aptos a fazer o diagnóstico da doença;
Costuma ser confundida com obesidade em 75% das pacientes ouvidas no estudo;
63% das pacientes revelaram histórico familiar da doença, algumas vezes acometendo três gerações: avó, mãe e a paciente, evidenciando a tese de que a doença pode ser genética.
O Lipedema não é uma doença estética e, por isso, demanda tratamentos clínico e cirúrgico;
A doença não é fatal, mas atrapalha a qualidade de vida da mulher de tal forma, que pode desencadear distúrbios como depressão, obesidade, perda de mobilidade e redução de auto estima.
O estudo revelou que 94% das pacientes ouvidas relataram limitação física e impacto psicossocial devido à doença;
Não há tratamento gratuito para a doença no SUS ou pelos convênios médicos;
No Brasil, há poucos médicos especialistas no tratamento da doença;
Programação 2022 – No Mês de Conscientização do Lipedema, o Instituto Lipedema Brasil e a ONG Movimento Lipedema farão algumas ações especiais como lives em seus canais proprietários e cursos semipresenciais com equipe multidisciplinar como nutricionistas e endocrinologistas para falarem sobre a doença. O objetivo da agenda pró-Lipedema é transmitir mensagens importantes de apoio, de conscientização e de acolhimento para que todas essas mulheres tenham mais conhecimento sobre a doença e não se sintam sozinhas.
ASCOM