Saudade é a palavra que pode definir o “Domingão do Huck” deste 7 de novembro – dois dias depois do acidente que vitimou Marília Mendonça. O programa prestou uma homenagem à cantora. Luciano Huck e famosas leram uma emocionante carta para Léo, filho da artista.
“Esta carta, Léo, é para você. Para quando você tiver compreensão do mundo. Para você entender quem era a sua mãe. Você tem 1 ano e 10 meses, você vai assistir isso algum dia. Eu queria que você entendesse quem é sua mãe”, disse o apresentador, emocionado.
E um time de grandes mulheres leram com Luciano Huck esta linda mensagem: Fátima Bernardes; Simone, da dupla Simone & Simaria; Erika Januza; Preta Gil; Fabiana Karla; Angélica; Lilia Cabral; Thaeme Mariôto; Mônica Martelli; Carolina Dieckmann; Fafá de Belém; Deborah Secco. Confira a emocionante carta:
“Querido Léo, escrever uma carta para você hoje é mandar uma carta para o futuro. Futuro que a sua mãe já tinha transformado antes mesmo de você nascer, como se ela parasse o futuro para você ou, melhor, como se ela preparasse o futuro para você. Mais ou menos a idade que sua mãe tinha quando, com as palavras dela, entendeu o coração do Brasil. E sentindo compreendido, o Brasil por ela se apaixonou. Porque a sua mãe não cantava sozinha, Léo. Sua mãe tirava as palavras da boca de um monte de mulheres e botava na boca dela. Dava sentimento a quem nem sabia o que sentia. Quando ela subia no palco para soltar aquela voz, ela, na verdade, cantava com a voz de milhões de brasileiros.”
“Sua mãe libertou, absorveu, perdoou, compreendeu as mulheres como ninguém, Léo. Ela ensinou a gente a amar sem culpa, mostrou que a gente pode encher a cara e cobrar respeito, que pode ser romântica e da noitada, que pode ser mãe e empresária. Ela ensinou que as mulheres podem ser quem quiser e como quiser, e isso mudou o nosso país para melhor. Essa é uma carta escrita a muitas mãos, Léo, e muitas mães. Porque a sua mãe queria ter voltado, ela queria voltar porque você existe. Porque depois que você chegou, o verbo voltar virou sinônimo de amor, de felicidade”
“Ela queria voltar cansada, com a sensação de dever cumprido, depois de ter cantado para multidões, que cantariam com ela, que encheriam o coração dela de gratidão e satisfação de ser quem ela sempre foi. Ela queria voltar para se perder nos seus braços, no seu corpo pequeno, mas tão imenso no significado porque você, Léo, era para ela uma multidão particular. Quando você sentir o desejo de revê-la, é só buscar a sua mãe dentro do seu coração. O seu coração vai ser a sala, o sofá, o ponto de encontro de vocês. E para nós ela também vai estar por perto. Porque ela não foi embora. Ela virou esse ar que nos rodeia, que se chama amor, e ninguém pode com amor, ninguém. Nenhuma distância e nenhum fim. Então, quando a saudade bater, Léo, lembra que um pedacinho da sua mãe mora em cada um de nós, lembra que a sua mãe não vive somente no passado, ela espera por você também no futuro. Um futuro, Léo, que a sua mãe embalou para que a gente te acolhesse, da mesma forma que ela sempre acolheu tanta coisa que vinha da gente. Se hoje o nosso canto é lágrima e silêncio, quero dizer a você, Léo, que a sua mãe é um farol e o caminho iluminado por ela não se apaga.”
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