Diante do aumento das queimadas na floresta amazônica, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB), acredita que o Brasil corre o risco de enfrentar uma intervenção militar. Ele fez o alerta na capital baiana durante sua participação no “Painel de Prefeitos”, que abriu a programação desta sexta-feira (23) da Semana do Clima, evento organizado pelas Organização das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Prefeitura de Salvador.
Na ocasião, Virgílio pontuou que essa é uma de suas preocupações quanto aos prejuízos que o país pode obter por conta do tratamento que o governo federal tem dado à questão. O presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e os ministros têm minimizado os focos de incêndio na região da floresta. Por outro lado, autoridades nacionais e internacionais, como o presidente da França, Emmanuel Macron, tem demonstrado preocupação com a crise ambiental.
“O mundo não tolerará jamais uma governança irresponsável sobre a Amazônia”, ressalta o prefeito. “Se não há uma mudança clara de 180º nessa política, 360º não adianta porque você volta para o mesmo lugar, nós teremos problemas talvez de ordem militar. Então, volta uma coisa que era dos anos 50, que tinha sido afastada por sucessivos governos que procuraram fazer uma boa governança sobre a região da Amazônia e hoje nós vemos a iminência de discussões que já passam pelo problema da intervenção”, acrescenta.
Além disso, Virgílio aponta o risco do país sofrer com um boicote aos produtos nacionais que são exportados, o que prejudicaria o agronegócio, e também com o desgaste diplomático. Neste sentido, os efeitos já são visíveis. Mais cedo, agências de notícias apontaram que os governos da França e da Irlanda ameaçam o acordo firmado entre a União Europeia e o Mercosul, em junho, caso o Brasil não promova ações de proteção à floresta.
“A China emite muito gás carbônico, é verdade. (…) Mas quem é que vai parar a China sendo a potência militar e econômica que ela é? Quem vai parar os Estados Unidos que são poluidores? O Japão? O Brasil não é uma potência militar. O Brasil não tem condições de afrontar as regras do mundo que exige a Amazônia o mais intocável possível como efeito do indicador do aquecimento global. E sobretudo ela porque é a maior floresta tropical do mundo, ou seja, quem não aceitar essa verdade entra numa contramão e vai dar de encontro com um caminhão que vem numa ladeira”, destaca Virgílio.
O discurso dele, que ultrapassou seu tempo de fala no evento, foi aplaudido pela plateia e demais prefeitos na mesa. Ele se apresentou ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), do prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), de Curitiba, Rafael Greca (DEM), e de Campinas, Jonas Donizette (PSB).