Por Claudia Elisa Soares – formada em administração de empresas
Toda transição de carreira é um momento crítico e merece muitas reflexões antes, durante e depois do processo concluído. As dúvidas são frequentes sobre como fazer a transição de uma carreira de executivo para a de conselheiro empresarial. Se antes a imagem de um conselheiro era de uma pessoa de 65 anos, hoje já vemos figuras na casa dos 50 (ou menos) atuando em Conselhos.
Independentemente da idade, porém, o primeiro passo é fazer uma reflexão sobre o entendimento de como é o dia a dia de um conselheiro, além do fato de que este tem um mandato, que pode não se renovar porque o desafio a ser enfrentado pelo negócio mudou. Existe a crença de que quando fazemos a transição de uma carreira para outra estamos evoluindo e, via de regra, melhorando a remuneração. Mas isto pode ser frustrado ao passar de executivo a conselheiro.
O ideal é que, para aceitar o convite, a pessoa tenha sua vida financeira resolvida, não apenas pela potencial perda de renda, mas, principalmente, para garantir a independência de opinião necessária ao desempenho do conselheiro. Para ajudar, a conselheira e mentora Claudia Elisa Soares lista três reflexões ou dicas para quem foi sondado ou tem interesse em integrar um conselho, seja ele consultivo ou administrativo.
Expanda seu networking
No Brasil, 70% das buscas de conselheiros são feitas por indicação. Se é assim, quem quer se tornar um conselheiro precisa estar em um lugar em que alguém possa conhecê-lo, até para indicá-lo. Fazer um curso no IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) ou em outras Escolas com cursos sobre Governança Corporativa pode ser um passo interessante. “Isso vai colocar a pessoa em um universo de conhecimento diferente do que ela tinha até então, e passará a estar com outras pessoas que já são conselheiras ou estão se preparando para isso”, afirma Claudia Elisa. No IBGC existem várias comissões em que seus associados podem se inscrever, aumentando o networking de pessoas que trabalham com conselhos direta ou indiretamente.
Trabalhe novas habilidades
Um executivo é treinado para responder rápido, ter solução para tudo e o plano de ação pronto. Já no Conselho, as habilidades solicitadas passam, principalmente, por pensamento estratégico, escuta ativa, fazer boas perguntas e provocações positivas para inspirar a gestão. São habilidades que ajudam na construção de um consenso. Segundo Claudia Elisa, é uma postura por vezes diferente da de um executivo. Quem tem um perfil mais executor, é hora de buscar um novo comportamento. A leitura de cenários do próprio colegiado é fundamental. Existe um tempo investido dentro e outro fora da reunião para promover o alinhamento. Quando termina uma reunião do conselho, muitas vezes, é quando começa a verdadeira interação.
Revise a narrativa da sua história profissional
Todo ser humano tem a tendência de contar a sua própria história numa sequência temporal. Mas isso nem sempre funciona quando buscamos uma vaga ou já atuamos em um conselho. O tempo de conversa para transmitir claramente sua contribuição é curto. É preciso detectar três pontos em que pode ajudar aquele conselho, à luz da missão a ser cumprida ou do desafio a ser superado. E, a partir disso, escolher dentro da sua experiência profissional duas ou três narrativas de situações e o que você fez que poderia ser útil para aquele conselho. “Minha dica é partir da necessidade do outro para escolher a parte da sua história que será contada”, finaliza a conselheira.
Sobre a autora
Claudia Elisa Soares é membro do Conselho Administrativo da Tupy S.A, Grupo Roldão, Even, Havan e IBGC. Formada em administração de empresas, com MBA no INSEAD, fez cursos de extensão e aperfeiçoamento em Harvard, MIT, entre outros. Já atuou como C-level em Finanças, Gestão da Qualidade Total, RH, Marketing, Planejamento Estratégico, M&A e Desenvolvimento de Novos Negócios, em empresas como FNAC, GPA, Via Varejo, AMBEV, Votorantim Cimentos e EMS.
Matéria: Victor Puia/ mclair