Por Fabiana da Silva Prestes, professora do Curso de Tecnologia em Gerontologia
Vamos começar falando da população de idosos no Brasil. Um levantamento que foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que em 2019, o número de pessoas com mais de 60 anos no país era superior ao de crianças com até nove anos de idade, representando 15,7% da população. O mesmo instituto ainda aponta que, um em cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos em 2060, mantendo o aumento populacional de idosos no Brasil, e também no mundo, visto que, estamos vivenciando um fenômeno global.
Mas o que o aumento da população idosa no país tem a ver com o uso indiscriminado de antibióticos?
O envelhecimento traz consigo uma série de alterações com a deficiência dos sistemas orgânicos, que ocorre gradualmente entre os indivíduos. Com o avançar da idade, também aumentam as chances do desenvolvimento de doenças. É sabido que as condições crônicas se manifestam de forma mais expressiva na população idosa, sendo comum a essa população uma maior incidência e o acúmulo de patologias e, com isso, o consumo aumentado de medicamentos como os antibióticos.
A polifarmácia, termo utilizado quando o indivíduo faz uso de cinco ou mais medicamentos (inclusive fitoterápicos e homeopáticos) também está presente nessa população e, relaciona-se a maior incidência de quedas, interações medicamentosas e hospitalizações. Não é incomum o surgimento de infecções por microorganismos multirresistentes, em parte devido ao uso frequente e também indiscriminado de medicamentos.
A cada ano, nos deparamos com microrganismos cada vez mais resistentes aos medicamentos utilizados. Representando um grande desafio e um perigo para a saúde pública mundial, pois os remédios que utilizamos atualmente podem não ser mais úteis para os próximos anos.
Estudos apontam que 700 mil mortes por ano são causadas em todo o mundo por infecções resistentes aos medicamentos. A ONU em seu relatório sobre o tema, advertiu que o problema é grave e que até 2050 a resistência antimicrobiana poderá causar cerca de 10 milhões de mortes anualmente em todo o mundo. Sem falar no grande prejuízo econômico devido ao aumento nos custos com a saúde.
Os antimicrobianos são substâncias que podem ser naturais ou sintéticas que têm a capacidade de inibir o crescimento e/ou eliminar microorganismos. O principal objetivo do uso de um antimicrobiano é o de prevenir ou tratar uma infecção, diminuindo ou eliminando os organismos patogênicos, causadores da infecção ou doença infecciosa. São uma das classes de fármacos mais consumidas pelos hospitais e pela comunidade.
A resistência antimicrobiana torna cada vez mais doenças como as infecções respiratórias, infecções do trato urinário e várias outras mais difíceis de serem tratadas. E as gerações futuras podem ter que enfrentar os impactos desastrosos da resistência antimicrobiana descontrolada, isso inclui a crescente população de idosos que é mais vulnerável as doenças.
Por essa razão se torna tão importante a conscientização para o uso responsável e prudente de antimicrobianos por profissionais de saúde e da população idosa para que não realizem a automedicação, principalmente de antibióticos.
Sobre a Autora
Fabiana da Silva Prestes é professora do Curso de Tecnologia em Gerontologia – Cuidado ao Idoso do Centro Universitário Internacional Uninter.
Matéria: Ana Paula Scorsin/ PG1 Comunicação