Por Luciano Ferreira Lima – Advogado
Nosso planeta é fracionado em seis continentes distintos. A origem, a cultura, a localização geográfica, o poder econômico, o poder político, o poder bélico etc. São referências identitárias de cada um dos mais de 200 países que compõem essas porções de terra e de mar. Todavia, boa parte dessas características também são observadas internamente em cada uma dessas nações. Nosso país é um belo exemplo disso.
Dividido em cinco regiões geográficas: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste, o Brasil é considerado um país continental – característica atribuída, inicialmente, pela sua dimensão territorial, mas que se justifica também pelas suas múltiplas características regionais – como origens, culturas, poder econômico e poder político, distintos.
A histórica rotulação de coração econômico e centro político do país, atribuída a região Sudeste, dificultou, ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento político e econômico das demais regiões, sendo o Nordeste a mais afetada.
Com uma agricultura pouco diversificada, estiagens, uma alta concentração de renda e grandes latifundiários, pouco se investia na região onde, superar a miséria e a invisibilidade política e social, sempre foi um desafio. Mas desde o final do século passado, algo mudou para esse povo: a importância dada ao seu voto.
A ideia de que os votos da região se originavam das opiniões formadas no Sul/Sudeste que, como uma onda inevitável varria aquela parte do país. Desapareceu!
Composta por 9 estados, com um PIB per capita de cerca de 16 mil reais, um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,710, uma população de 53 milhões de habitantes, o Nordeste tem protagonizado importante papel nas últimas eleições. Seus 40 milhões de eleitores, outrora açoitados pelo coronelismo, hoje repousam aliviados numa maior assistência social.
Essa transformação, num aspecto mais político e mais recente, foi potencializada com a chegada da esquerda ao poder.
Com seus programas sociais, o Partido dos Trabalhadores, implementou uma marcha para alcançar e converter a população mais pobre da região. O que lembra “em pequena parte” um dos objetivos da Coluna Prestes de 1925.
A Caravana da Cidadania de 1994, com a qual Lula percorreu todo o Nordeste do país, propagando a necessidade de combater a fome e a pobreza, foi um dos pilares desse processo de aproximação com o povo nordestino. De onde Lula é originário.
As eleições que se sucederam mostraram o resultado das investidas na região Nordeste e levaram Lula à vitória em 2002, em todos os estados do Nordeste, exceto Alagoas, onde foi derrotado por José Serra.
Na Bahia, Lula teve 65,70% dos votos em 2002; já no Ceará sua vitória foi de 71,78%, contra 28,22% do candidato tucano José Serra
Em 2006, disputando com Geraldo Alckmin, a esquerda manteve sua liderança na região; chegandp a mais de 84% dos votos no Maranhão e aumentou sua popularidade na Bahia (78%) e Ceará (82%) dos votos no segundo turno.
Nas eleições seguintes, 2010 e 2014, o campo político de esquerda, representado por Dilma Rousseff, derrotou, no segundo turno, os tucanos José Serra e Aécio Neves respectivamente. A consolidação da expressam de confiança na esquerda veio nessa última, em 2014, quando mais de 37% dos votos de Dilma vieram do Nordeste. Superando, inclusive os 25% de Lula em 2002 e os 33% da própria dela mesma em 2010.
As eleições de 2018, não foram uma página isolada daquilo que se via desde 2002; quando Lula ganhou sua primeira eleição. Em 2018, embora tenha perdido a eleição para Jair Bolsonaro, o candidato petista, Fernando Haddad conquistou os votos de 69,7% dos nordestinos no segundo turno. O que representou uma pequena variação de 2 pontos percentuais, para baixo, 69,7% contra 71, em relação a Dilma em 2014.
Todavia, embora Haddad tenha vencido Bolsonaro em mais de 98% das cidades da região, o que mais foi sentido na eleição de 2018, foram as perdas de votos nas regiões sul (10 pontos percentuais) e sudeste (6 pontos percentuais). Assim, enquanto a esquerda investiu nas camadas mais pobres da população, perdeu espaços entre a classe média.
O cenário para a eleição vindoura, no plano geográfico nordestino ainda não completou o seu desenho arquitetônico. Faltam ainda nove meses para a o pleito presidencial e vários arranjos políticos e eleitorais, que podem interferir nas votações, ainda estão em curso.
Apesar de toda a investida bolsonarista na região Nordeste, pesquisas apontam que o atual presidente tem apenas ¼ das intenções de votos direcionados ao petista na região.
A existencia da candidatura de Ciro Gomes, com cerca de 7% das intenções de votos representa uma força localizada na região, e que certamente, no segundo turno perfilará com o candidato do campo político do ex-governador cearense
A esquerda tem hoje, governadores bem avaliados no Nordeste, como: Camilo Santana, no Ceará; Flavio Dino, no Maranhão e Rui Costa, na Bahia. Todavia, nenhum deles disputam a reeleição pois já estão no segundo mandato. O que pode dificultar a transferência de votos entre os cenários regionais e nacional.
A aliança entre a esquerda e os nordestinos é uma realidade de mais de 20 anos de relacionamento assistencial e social. De Bolsa Família, Fome Zero, de Primeiro Emprego etc.
O namoro de Bolsonaro com esses eleitores ainda gera desconfiança, em muitos, e esperança em outros tantos. Mas essa relação ainda carece de um bom interlocutor na região.
Para melhorar sua performance, o presidente pois fim ao Bolso Família e criou o Auxílio Brasil. Bolsonaro tenta ainda emplacar o atual ministro das cidades, João Roma, como candidato ao governo baiano e, como referência para a região.
Destarte, o presidente Inaugura obras importante, mas não se fez presente diante dos desabrigados e dos desalojados, vítimas das chuvas que afetaram boa parte dos municípios da região.
Lula precisará explicar a sociedade nordestina, suas idas e vindas à lava-jato. Sua inocência não é um retrato de fácil pintura ou descoloração. Tampouco suas alianças podem ser desprezadas na aferição popular em 2022.
Historicamente, o comportamento desse eleitorado mudou o nosso país. Pois, se em 1992, a esquerda era ideológica e apostava que a formação de opinião, vinda do Sul e do Sudeste, influenciava sobremaneira o comportamento dos eleitores das demais regiões; hoje percebe que há no país um universo de pensamentos, ideias e necessidades, que obrigam um olhar mais regionalizado e mais segmentado.
Não se consegue mais excluir o Nordeste das decisões políticas importantes para o Brasil. Pouco interessa, ao povo mais humilde o voto econômico.
Somente apoderando-se de credibilidade e implementando uma forte agenda popular, que atenda às necessidades das camadas mais pobres da sociedade é possível reverter a balança eleitoral, que pende em favor da esquerda.
Neste ano, mais uma vez, pretendentes ao Palácio do Planalto, sentirão, cada um deles, o peso dessa arma chamada voto. E que venham as propostas de assistência e de políticas sociais. MAS SEM ASSISTENCIALISMOS.
*Luciano Ferreira Lima
Consultor e Gestor de Projetos Políticos, Mestrando em Ciência
Política, Advogado, Professor Universitário e Articulista.
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