Por Francisco Gomes Júnior, advogado especialista em direito digital
O 5G utiliza ondas de rádio de frequência mais alta do que as usadas pelas redes móveis e atualmente é a mais moderna tecnologia de funcionamento de banda larga, propiciando às pessoas condições de navegar pela internet com velocidade muito maior que o atual 4G, presente na maior parte dos celulares no Brasil.
O 5G está implementado em vários países (como China, Coréia do Sul, Japão, Zona do Euro e EUA) e encontra-se em fase de desenvolvimento no Brasil, com um longo caminho a ser percorrido. As empresas que irão operar nas faixas de frequência liberadas para utilização do 5G serão conhecidas através de leilão após publicação do Edital elaborado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A Agência disponibilizou uma minuta desse Edital, ou seja, uma primeira versão não oficial, que está sujeita a comentários e análise de outros órgãos. O principal desses órgãos é o TCU (Tribunal de Contas da União), que por regimento tem 150 dias para emitir seu parecer sobre o edital, ou seja, a prevalecer este prazo e não havendo outras intercorrências, a publicação deve acontecer entre julho e agosto deste ano.
Após a publicação do Edital, habilitação das empresas aptas a participar da concorrência , realização do leilão e assinatura dos contratos com as empresas vencedoras, se iniciará a implementação da infraestrutura necessária para o funcionamento do 5G. O Edital prevê que a instalação dos equipamentos deverá se iniciar em julho de 2022. Portanto, muitas informações que circulam atualmente sobre a implementação imediata do 5G não estão corretas.
Atualmente algumas empresas informam que já estão oferecendo o serviço móvel 5G, que inclusive aparece na tela de alguns celulares capacitados para essa tecnologia. Na realidade trata-se de uma rede 4G maximizada por meio de DSS (compartilhamento dinâmico do espectro) funcionando em 1.200 MHz na faixa de 6GHz, serviço conhecido nos EUA como Wi-fi 6E, que permite a navegação com maior velocidade e latência (tempo entre dar um comando em um site ou app e a sua execução), mas não se trata do 5G e a velocidade atingida não é a mesma.
Obviamente, o Brasil deve buscar agilizar a implementação do 5G, para a melhoria das condições de navegação e transmissão de dados. Devemos ter agilidade no 5G, fundamental para a economia digital, porém, sem abdicar dos cuidados necessários com a segurança cibernética. Que sejamos capazes da melhor decisão, com transparência e sem novos adiamentos.
Sobre o especialista
Dr. Francisco Gomes Júnior: Advogado sócio da OGF Advogados, formado pela PUC-SP, pós-graduado em Direito de Telecomunicações pela UNB e Processo Civil pela GV Law – Fundação Getúlio Vargas. Foi Presidente da Comissão de Ética Empresarial e da Comissão de Direito Empresarial na OAB. Instagram: ogf_advogados
Matéria: Tiago Cazeri/ Maximasp