Por Monica Machado – psicóloga
Você já evitou diversas situações por medo de se expor e ser julgado ou avaliado? Tome cuidado, pois o que muitos entendem por timidez, pode ser, na verdade, ansiedade social. Enquanto a timidez é um traço de personalidade, a ansiedade social é um transtorno, e que pode causar limitações na vida pessoal e profissional.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso e estressado da América Latina. Uma das vertentes desse tipo de quadro é o transtorno de ansiedade social, que já acomete cerca de 13% dos brasileiros, totalizando 26 milhões de pessoas.
Diferente da timidez, a ansiedade social se caracteriza pelo medo ou nervosismo irracional diante de interações sociais cotidianas, quando o indivíduo é exposto a avaliações ou julgamentos de outras pessoas. O sofrimento é intenso e, por isso, ele acaba ativamente evitando as interações sociais e, consequentemente, pode até chegar ao isolamento completo”, afirma Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Para ajudar a identificar se você sofre do transtorno, a psicóloga lista 6 situações causadas pela ansiedade social:
Medo de ser julgado
O medo de ser avaliado e julgado não permite que o indivíduo consiga se expressar diante de outras pessoas. Prefere ficar isolado e evita eventos sociais. Falar em um seminário ou ministrar uma palestra, então, são tarefas praticamente impossíveis.
Inibição de qualidades
Falar de suas próprias qualidades é uma possibilidade que não existe no mundo de quem tem ansiedade social. A possível rejeição de quem está a sua volta já é o suficiente para fazer com que a pessoa comece a duvidar de si mesma.
Ausência de contato visual
Parte importante de uma comunicação eficiente é olhar nos olhos da outra pessoa. Entretanto, para quem tem ansiedade social, isso é muito difícil de acontecer quando não se trata de um amigo ou parente muito próximo.
Dificuldade de lidar com superiores
Se uma pessoa com o transtorno é chamada na sala do chefe, a boca já seca, os batimentos cardíacos aceleram e o suor aumenta. Isso sem sequer saber qual será o assunto.
“Lidar com uma figura de autoridade e superiores gera pânico na pessoa, já que ela costuma ter baixa autoestima e enxerga, por exemplo, seu diretor como um ser inacessível, alguém bem maior e melhor. É como se o ansioso se sentisse totalmente incapacitado de ter uma simples conversa com o chefe, que dirá, expor uma ideia nova, já prevendo que será avaliado negativamente”, explica Monica Machado.
Medo de falar ao telefone
Atender ao telefone pode ser torturante, e o nervosismo faz com que não haja clareza suficiente na fala. O medo de falar algo que não se deve e a ansiedade de não saber como dar continuidade à conversa, especialmente sem o auxílio da linguagem corporal, fazem com que essas ocasiões sejam evitadas.
Dificuldade de construir um relacionamento amoroso
Se a pessoa tem ansiedade social, torna-se quase impraticável manter uma conversa com alguém do gênero pelo qual ela se sente atraída, por medo de ser desagradável e agir de maneira pouco carismática. O resultado é a autossabotagem, fazendo com que a própria pessoa acabe evitando intimidade e, consequentemente, dificultando as chances de construir um relacionamento amoroso.
“O mais importante é receber o diagnóstico o quanto antes e fazer um acompanhamento com o psicólogo e o psiquiatra. Uma dica é praticar a escrita terapêutica. Ao escrever sobre os seus sentimentos e emoções livremente é possível analisar com maior clareza o que você está enfrentando. Além disso, é uma forma produtiva de registrar a sua evolução e levar novas reflexões para a psicoterapia”, finaliza Monica Machado.
ASCOM