Por Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo – membro da diretoria da SPI e infectologista do HC-FMUSP
A quarta dose da vacina contra a covid-19 tem se mostrado importante em situações muito pontuais, de pacientes imunodeprimidos e idosos, aumentando a quantidade de anticorpos. Para isso ser uma política de saúde pública ampliada para toda a população, já existe um questionamento: nós não sabemos se há uma grande vantagem em ampliar essa quarta dose de uma maneira generalizada.
O que vamos precisar são de novas estratégias, então é provável que nos próximos anos tenhamos as vacinas atuais atualizadas para novas variantes do vírus e novas formulações vacinais, inclusive com o uso intranasal, que vai trazer o benefício de evitar que os vacinados transmitam o vírus ao se tornarem carregadores deste vírus.
Além disso, novas vacinas estão sendo desenvolvidas, também com o intuito de serem panvariantes (pan-genotípicas), no sentido de ser uma vacina que seja refratária às mutações que o vírus sofre quando ela é desenvolvida a partir de um alvo que é mais estável e menos suscetível a mutações destas variantes.
Então me parece que, pensar em quarta dose como uma política pública generalizada neste momento, é um pouco precipitado diante da perspectiva que temos de avanços até em relação à própria vacina. Acredito também que a quarta dose ainda é uma política muito mais restrita a esses grupos de maior vulnerabilidade imediata, como os pacientes idosos e imunodeprimidos, e eventualmente aos profissionais de saúde mais expostos.
Por outro lado, a gente pensa que se houver disponibilidade de vacina pode ser feito, esse é um outro aspecto que precisa ser considerado. O mundo todo vive uma crise de suplemento de vacina, então não faz muito sentido ficar reforçando em determinados países, quando você tem países e continentes, como o caso do Africano, que tem ainda uma subvacinação muito importante.
*Dr. Evaldo Stanislau Affonso de Araújo é membro da diretoria da SPI (Sociedade Paulista de Infectologia) e infectologista do HC-FMUSP.
Texto: Caroline Sanchez/ medellincomunicacao