Amplamente difundida nas redes sociais, a chamada ‘Odontologia biológica’ tem preocupado os conselhos de classe. A área não é reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO) – nem como especialidade nem como habilitação – e, mesmo assim, vários dentistas se autointitulam especialistas em ‘odontologia biológica’, propagando desinformação sobre os cuidados com a saúde bucal.
As postagens envolvem temas conhecidos da população: tratamento de canal, restaurações de amálgama, implantes dentários e até o flúor do creme dental – sempre com críticas ao que é estabelecido como seguro e eficaz há décadas. No lugar, esses profissionais afirmam que buscam avaliar o paciente como um todo, com o objetivo de ‘minimizar os danos à saúde causados pelos tratamentos convencionais’.
Além de não ser reconhecida pelo órgão que regula a atuação dos dentistas, odontologia biológica propaga informações enganosas, como ideia de que o flúor tem efeitos tóxicos e que o amálgama presente nas restaurações funciona como uma antena que atrai ondas eletromagnéticas.
Basta uma busca pelo termo na internet para ser direcionado a diversos sites que a descrevem como a especialidade de alguns dentistas. Não há uma definição oficial, mas os conteúdos dizem que se trata de uma abordagem que minimiza danos à saúde causados por condutas e materiais usados em tratamentos odontológicos clássicos. Além disso, os sites informam que essa é a perspectiva que compreende que um dente com problemas pode causar disfunções em outros órgãos, como o coração.
Segundo o que é vendido pela odontologia biológica, dentes como os incisivos centrais e laterais, por exemplo, poderiam ter uma relação direta com desordens no sistema urinário, reprodutivo, esquelético e, até mesmo, emocionais. Ainda, o uso de aparelhos ortodônticos ou o posicionamento incorreto dos dentes poderiam levar a problemas como infertilidade.
Segundo o CROBA, os ‘dentistas biológicos’ citam a toxicidade do flúor para a saúde; associação entre contenção ortodôntica e infertilidade; e que a endodontia pode levar a focos de infecção que se perpetuarão por toda a vida.
Texto: Reinaldo Oliveira.