Por Samira Mascarenhas – oncologista.
Para cada ano do trimestre 2023-2025, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 704 mil casos novos de câncer no Brasil. Desses, cerca de 32 mil diagnósticos são de câncer de pulmão, terceiro em incidência nos homens e quarto nas mulheres. Em todo o mundo, mais de 600 mil mulheres morrem de câncer de pulmão a cada ano e pelo menos uma em cada 17 deve apresentar a doença nos próximos anos. Embora, no geral, tenha havido reduções significativas na taxa de diagnósticos deste tipo de tumor ao longo do tempo para todas as idades e sexos, nos últimos anos os casos confirmados da doença têm crescido entre as mulheres mais jovens.
Diferente do que acontecia no passado, quando o câncer de pulmão era visto como uma doença de homens fumantes, essa realidade está mudando. Segundo a American Lung Association, os diagnósticos aumentaram surpreendentes 84% entre as mulheres nos últimos 42 anos, enquanto caíram 36% entre os homens no mesmo período. Quebrando paradigmas, aproximadamente 20% das mulheres diagnosticadas com câncer de pulmão hoje não são nem nunca foram fumantes. Média bem acima dos homens, já que apenas um em cada 12 pacientes do sexo masculino com a doença nunca fumou.
De acordo com a oncologista Samira Mascarenhas, apesar dos homens ainda representarem a maioria dos diagnósticos, a diferença de gênero está diminuindo, com a mira da doença aparentemente voltada para as mulheres sem nenhuma razão comportamental óbvia. “Possíveis causas, como alterações hormonais, exposição passiva, exposição ambiental e mais suscetibilidade genética estão sendo estudadas, mas ainda não há certezas quanto à origem do aumento deste tipo de tumor em mulheres abaixo dos 60 anos de idade”, disse a especialista, coautora do estudo “Perfil genômico abrangente de pacientes brasileiros com câncer de pulmão de células não pequenas”. (mais…)