A penúltima mesa da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) no sábado (27) discutiu a contribuição das histórias em quadrinhos (HQs) para compor lacunas sobre a formação da sociedade brasileira e ajudar a falar melhor sobre assuntos tratados de maneira enviesada. “Quer que desenhe? Perspectivas negras nos quadrinhos” contou com os autores Marcelo D’Salette e Hugo Canuto.
A partir das provocações feitas pela jornalista Luana Assiz, os dois abordaram os quadrinhos no século 21 como expressão e afirmação das culturas urbanas, em interação com as tradições, em um processo de ressignificação e de representatividade do povo negro. Além disso, comentaram sobre o processo criativo das HQs assinadas por eles e acerca de temáticas como escravidão; ancestralidade e intolerância religiosa, apoiando-se em documentos e na ficção.
D’Salette é paulista e autor da premiada HQ Cumbe; e de obras como Encruzilhada e Angola Janga – esta última, selecionada pelo Governo Federal para compor as bibliotecas públicas escolares. “Talvez seja se sensibilizando com o outro que a gente encontre uma maneira de derrubar essas fronteiras sociais, como o racismo”, afirmou D’Salette numa de suas reflexões.
Já o baiano Canuto, alcançou o prestígio com o Conto dos Orixás. Na visão do quadrinista, o poder da sua arte está em conseguir chegar nas pessoas. “Nós temos que manter a chama acesa e seguir lutando cada vez mais por liberdade, por mais democracia. E o campo da arte é onde a gente consegue mostrar tudo isso, esse nosso pertencimento coletivo”, resumiu.
Matéria do jornalista Edvan Lessa cedida ao Tribuna do Recôncavo