Por Gerson Leite de Moraes e Rodrigo Augusto Prando
O confinamento mudou radicalmente nossas rotinas, suspendendo a normalidade de nossas vidas cotidianas. Restringidos ao espaço doméstico, temos como fiéis companheiras, a Internet e a TV. Estes dois veículos midiáticos podem ser de grande importância na prevenção, na orientação e na propagação de informações relevantes no combate ao coronavírus, mas podem ser também desvirtuados de seus fins.
Independentemente do viés político e ideológico de uma emissora de televisão, o que não se pode negar é que existe ali um jornalismo profissional, que se não for praticado de maneira minimamente séria, a perda de capital financeiro e midiático será enorme para a empresa de comunicação. Já na Internet, especialmente nas redes sociais, a coisa não é bem assim. Ali reina uma verdadeira terra sem lei, na qual temos verdadeiras usinas de fake news, de mentiras deslavadas, criadas simplesmente com o propósito de arrebatar discípulos para uma causa nada nobre.
Em tempos de coronavírus e isolamento social, fica mais fácil perceber o poder devastador deste submundo. No campo da política, o neopopulismo digital perpetrado por uma série de grupos políticos ao redor do mundo e, especialmente no Brasil, tem promovido grandes estragos na nação, nas nossas noções de democracia e nos valores republicanos. Os proponentes e os consumidores de fake news no campo do neopopulismo digital, geralmente são pessoas negacionistas, são aqueles que negam o poder da ciência, das pesquisas, do aquecimento global, do jornalismo sério e investigativo, e agora, negam também o poder letal da COVID-19. Além disso, podem ser classificados também como autorreferentes, já que o critério de verdade passa a ser os seus “achismos” e os balões de ensaio disseminados pelos gurus deste espectro sectário. (mais…)