Milton Marinho expôs na Flica retratos desconstruídos, que beiram o cubismo e a caricatura

Milton Marinho expôs na Flica retratos desconstruídos, que beiram o cubismo e a caricatura - noticias, cachoeiraFoto: Fábio Vasconcelos

Uma grande celebração à ancestralidade e à cultura do povo baiano. Esse foi o mote da exposições na Casa do Patrimônio, que marcou presença na Flica pela segunda vez.

Na manhã de sábado (19) os visitantes tiveram acesso a obras de arte como a mostra Retratos com Os Sagrados, de autoria de Milton Marinho. O artista visual, que é natural de Itororó, no interior da Bahia, expôs 10 telas com pinturas feitas especialmente para a Flica, a partir de fotografias de ícones da cultura e literatura nacional, como Gilberto Gil e Jorge Portugal.

‘A abordagem com esses retratos desconstruídos, que beiram o cubismo e a caricatura, pode ser a porta de entrada para que meu trabalho ganhe mais projeção junto ao público’, diz Marinho. Para o artista, que é autodidata, o intuito da obra é desconstruir a imagem para construir essas provocações e inclinações que a pessoa tem em ver mistério nas coisas, causando curiosidade e até certa estranheza nos visitantes. ‘Eu tenho uma frase que me acompanha: ‘quem me elogia, me ofende profundamente’, disse o artista.

FLICA: Itamar Vieira Jr. e Kalaf Epalanga falam como interação com o leitor influencia em suas escritas

FLICA: Itamar Vieira Jr. e Kalaf Epalanga falam como interação com o leitor influencia em suas escritas - cachoeiraFoto: Diego Silva

Dois dos autores mais aguardados da 12ª edição da Feira Literária Internacional de Cachoeira (FLICA), o baiano Itamar Vieira Júnior, vencedor do prêmio Jabuti em 2020, e o angolano radicado em Berlim, Kalaf Epalanga, falaram sobre como a interação e a interpretação do leitor influenciam em suas escritas. Os dois escritores participaram da roda de conversas “Linguagens, corpos, mistérios e chão”, na tarde de ontem (19), e lotaram a Tenda Paraguaçu, onde foi realizado o encontro.

Itamar explicou que o que ocorre na estrutura narrativa de ‘Salvar o Fogo’, seu mais novo livro, é algo que ele já tinha experimentado no seu processo criativo. ‘Acho que nenhum narrador é completamente confiável nem quem escreve. É tão interessante isso porque muito dessa história, ela vai ganhar uma leitura e uma integração dos leitores E muitas vezes o que os leitores descobrem sobre essa história passa a figurar também como mutável. E aí eu aprendi que nós que escrevemos nem sempre temos um domínio absoluto da história. E se eu não tenho o domínio, de alguma maneira, eu vou traçar essa voz para que as personagens respondam’.

Para Itamar, a narrativa em terceira pessoa tem uma outra perspectiva, que considera mais distanciada e, assim, possibilita uma maior diversidade de interpretações e uma visão mais ampla do enredo. ‘Eu acho que essa abordagem, essa estrutura permite ao leitor ter muitos pontos de vista, acho que a mesma coisa que o Kalaf disse, ter alguns pontos de vista e ter uma visão mais abrangente de toda a história. Tem muitas pessoas que me perguntam no que eu inspirei para escrever ‘Torto Arado’ e ‘Salvar o Fogo’ e eu respondo: li muita literatura ao longo dos anos e continuo sendo leitor de literatura, então aprendi um pouco sobre estrutura narrativa, sobre projeto narrativo’. (mais…)

Espetáculo Dandara na Terra dos Palmares aborda racismo e bullying na Fliquinha

Espetáculo Dandara na Terra dos Palmares aborda racismo e bullying na Fliquinha - noticias, cachoeiraFoto: Akin Akill

Ao som dos aplausos e de um coro ‘Vem, Dandara!’ de mais de 300 crianças, de 7 a 11 anos, que o espetáculo “Dandara na Terra dos Palmeiras” abriu na sexta-feira (18.10), o segundo dia de atividades do Espaço Fliquinha, no auditório da UFRB, no Centro de Artes, Humanidades e Letras(Cahl), em Cachoeira (BA).

Sob olhares curiosos e atentos a cada diálogo e música cantada, as crianças acompanharam a história de uma garota de nome Dandara que sofre racismo na escola por conta do nome. O espetáculo infantojuvenil conta a jornada da menina, que ao beber um chá da avó, tem um encontro histórico com Dandara Guerreira.

Com uma abordagem criativa e divertida, e ao mesmo tempo profundo, passeando pela religiosidade, e exaltando a cultura negra de Salvador, o espetáculo envolveu crianças, adolescentes e professores que se divertiram muito com a performance do elenco formado por Denise Correia, Gilson Garcia, Leonardo Freitas, Diogo Lopes Filhos, Natalyne Santos e Iandra Góes. (mais…)

Bibex marca presença na Flica 2024, reforçando o incentivo à leitura

Bibex marca presença na Flica 2024, reforçando o incentivo à leitura - cachoeira, bahiaFoto: Matheus Landim/GOVBA

A Biblioteca Móvel de Extensão (Bibex) marcou presença na edição deste ano da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), considerado o maior evento do gênero do Norte/Nordeste do Brasil. O ônibus está estacionado na Praça Ubaldino de Assis até este sábado (19), com diversas ações.

Durante os quatro dias da festa literária, crianças, adolescentes e adultos tiveram acesso ao acervo da Bibex, composto por livros e revistas. A programação diferenciada reservou, ainda, aos participantes atividades como contação de histórias, oficinas e apresentação do Coral Açu, desenvolvido pelas Obras Assistenciais Comunitária da Vila de Acupe, através da Biblioteca Comunitária Anna Sironi.

Uma das atrações mais aguardadas é o projeto Leve e Leia, que promove interação com o público através de um jogo de perguntas e respostas. Já são mais de 500 livros distribuídos pela biblioteca na Flica. (mais…)

Mesa da FLICA que recebeu Liniker e Jota Mombaça abordou a poesia como lugar de não obediência à lógica do mercado

Mesa da FLICA que recebeu Liniker e Jota Mombaça abordou a poesia como lugar de não obediência à lógica do mercado - cachoeiraFoto: Diego Silva

Com mediação da pesquisadora, artista e modativista Carol Barreto, a mesa ‘Criar dentro dos sonhos, inaugurar línguas, destruir processos’ abordou o ato de criar como uma resposta de entrega ao presente, tempo que não se pode viver às pressas

‘Foi a minha poesia que sempre me deu a mão desde quando eu nem sonhava em ser cantora e compositora’ revelou Liniker, a porta-voz de maior destaque da causa trans hoje no Brasil, para uma plateia lotada e atenta no espaço Tenda Paraguaçu durante a tarde do primeiro dia da Festa Literária Internacional de Cachoeira – FLICA, ontem (17), ao lado da também convidada escritora e artista ativista visual brasileira Jota Mombaça na mesa ‘Criar dentro dos sonhos, inaugurar línguas, destruir processos’, mediada pela artista, pesquisadora e modativista Carol Barreto.

Para as artistas convidadas, antes de falar de sonhos, é preciso buscar o medicamento da alma, conseguir dar nomes às opressões para enfrentá-las, o que só se torna possível a partir da elaboração de uma outra gramática, um outro vocabulário, que denuncia aquilo que as diminui. ‎’Quando eu comecei a escrever e fazer minhas próprias poesias com 15 anos, eu tinha muita dificuldade de entender quem eu era. E aí, quando eu escrevia, essa poesia foi me dando um lugar de indivíduo, ela nasceu como reconhecimento e me fez entender que ela me transformava e que aquilo poderia virar não só um lugar de sonho, mas um lugar também de alimentação e sustento. A música nesse tempo era ainda guardada no lugar mais secreto de mim’, conta Liniker. (mais…)

Thalita Rebouças defende na FLICA que, quando o livro é bom, não há tela certa

Thalita Rebouças defende na FLICA que, quando o livro é bom, não há tela certa - cachoeira, bahiaFoto: Gustavo Rozário

Ao lançar sua primeira obra não ficcional, a escritora mais animada do país, Thalita Rebouças, estreou no primeiro dia de programação no espaço Geração Flica, lotando o Cine Theatro Cachoeirano e provando que sua escrita conecta diversas gerações. Com o tema ‘Livros que atravessam gerações’, a escritora, que é uma referência para o público infantojuvenil, começou dizendo que a decisão de se tornar escritora não foi bem uma decisão, mas algo que simplesmente aconteceu. ‘Eu precisei gritar bem alto e dizer: ‘Eu sou escritora’. Mas, no início, eu passava todos os sábados e domingos nas livrarias, batendo na porta e oferecendo um pirulito em forma de coração, aproveitando para vender meu livro. E foi assim que tudo começou’.

Com mais de 20 livros publicados, a escritora defende que, mesmo com uma geração hiperconectada e com mais tempo de telas, não existe concorrência quando o livro é bom. ‘Quando o livro prende, não há tela. Você nem lembra, sabe, que aquilo existe. Quantas pessoas falam para mim: ‘Fiquei horas lendo teu livro’. Mães que dizem: ‘Pô, meu filho estava rindo de madrugada, quando abri a porta para dar bronca, ele não estava vendo nada de vídeos no YouTube, ele estava lendo seu livro’. Então, eu acho que, quando essa mágica acontece, o livro tem esse poder’.

Ao ser questionada sobre a importância de abordar temas sensíveis como menopausa, separação e etarismo no livro Felicidade Inegociável e Outras Rimas, Thalita Rebouças argumenta que boa parte de seu público não está passando por essa fase, mas ela acredita que tem um papel importante nesse processo de tomada de consciência. ‘Primeiro que eu acho que acabo preparando elas. Porque ninguém me preparou, ninguém me disse como seria. Até porque ninguém falava sobre isso, né? Hoje em dia se fala sobre tudo. Então, eu quero falar para as mulheres como é. E que não vai ser fácil. Eu encaro o envelhecimento, o amadurecimento, como uma segunda adolescência’. (mais…)