Uma mulher estava pedalando sossegada quando foi vítima de assédio por um homem desconhecido. O caso foi captado por uma câmera de monitoramento e rapidamente ganhou a internet. Dentre os mais diversos comentários, muita gente acredita que o assediador cometeu este delito na certeza de que não seria punido por isso.
No entanto, o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu acredita que o caso traz à tona uma outra questão pouco debatida até então: “Fala-se muito em impunidade no Brasil, mas não vejo desta forma. Até porque ninguém quer correr o risco de ser preso ou responder a um processo a não ser que lhe falte coerência e raciocínio lógico. Eu acredito que algumas ações estão relacionadas à falta de percepção das consequências, a um narcisismo exacerbado e cultural, onde a pessoa quer se destacar, pensa ter algum tipo de superioridade, cometendo atos com inconsequência”.
Para o neurocientista, o Brasil sofre hoje do que pode ser chamado de narcisismo coletivo. “Falta empatia enquanto as pessoas pensam que detém um poder sobre as outras. E isso está vinculado à ansiedade e ao instinto de sobrevivência, só que esta questão vai muito além do que somente um caso de assédio em si”.
Além disso, ele observa que “a má qualidade no processo educacional do Brasil, uma herança antiga que já perdura décadas, vinculado à ansiedade do brasileiro relacionada à violência, economia e política, influência ao maior consumo de internet, rede social, para a liberação de neurotransmissores da recompensa, como a dopamina, que serve para afastar a atmosfera negativa imposta pela ansiedade, que é uma pendência e busca através da amígdala cerebral um mapa de opções de memórias negativas para uma melhor solução. Todo esse processo prejudica a conexão do córtex pré-frontal, região racional do cérebro, com o sistema límbico, região da emoção no cérebro, acarretando em comportamentos incoerentes, como este caso”, completa.
Confira o comentário feito por Fabiano de Abreu no vídeo abaixo:
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